Foto: Ilustrativa
Muito
tem se falado sobre escândalos envolvendo padres católicos e crimes de
pedofilia. Assim com há anos se debate o enriquecimento explícitos de pastores
das igrejas evangélicas. Existe ainda um protecionismo forte de fiéis em defesa
dos comandantes de suas instituições religiosas. Os fiéis encaram a instituição
como exemplo perfeito de moralidade, como uma primorosa condutora de regras,
sem poder se apontar falhas em seus dogmas e em seus comandantes.
A
espiritualidade, a vontade de buscar uma entidade divina que guie nossas vidas
através do bem, é um instinto que nasce dentro de cada um. A necessidade de se
associar a um grupo de pessoas para compartilhar essa espiritualidade gera
regras de comportamento que muitas vezes não se adequam mais aos padrões
sociais da vida atual. Mesmo que o padre Júlio Ancelotti seja inocente das
acusações, tem que se rever muito paradigmas que cercam a maior religião do
país.
Auto-intitulada
a igreja verdadeira de Cristo, fundada pelo apóstolo Pedro, a igreja sempre
sofreu muitas mudanças com o passar do tempo. Nos primeiros séculos de sua
fundação os padres eram casados. Tinham uma vida como homens comuns. Muito se
atribui a implantação do celibato entre os padres no momento em que a igreja se
fundiu ao governo nas descisões políticas de cada país. Nesse momento o
Vaticano, preocupado que sua fortuna fosse requerida pelos inúmeros herdeiros
de seus pastores, decidiu que eles não deviam mais ter descendentes.
Na
época isso poderia ser algo plausível com interesses do Vaticano e uma provação
de fé dos padres para com Deus. Mas o ser humano precisa, independente de sua
profissão (sim padre é profissão remunerada), ter uma vida normal, o que inclui
se relacionar amorosamente e sexualmente. Isso é instinto. Sem isso, sua razão
é perturbada, alterada, dilacerada, comprometendo sua desenvoltura social e
profissional.
Os
católicos parecem fechar seus olhos para essa realidade e defender as regras da
igreja sem conhecer seu passado. Acredito que esteja na hora da igreja se
modernizar. Adequar seus conceitos à vida moderna de seus fiéis. A condenação
do uso de preservativos é outro ponto polêmico a ser repensado.
Por
essas e por outras que a parcela de católicos vem diminuindo ano a ano. A
migração para outros templos, por diversos motivos, ou o total abandono da
espiritualidade organizada em grupos, podem sim ser sinal de que a igreja
católica já não oferece mais tanta paz de espírito a quem nela se institui.
Não
estou defendendo nenhuma outra ideologia religiosa. Cansamos de ver estórias de
pastores presos com milhões em seus bolsos. Promessas de mudança de vida
imediata e não na salvação fazem com que fiéis contribuem e muito com dinheiro
a seus pastores. Templos milionários em muitos países. Quem assistiu à entrevista
de Edir Macedo viu que ele é um empresário muito bem sucedido. Um empresário de
Deus. Uma de suas declarações, extraídas de uma revista, deixa claro sua
missão: “Se Deus é um homem rico, porque eu que sou seu filho teria que
viver miseravelmente?”. Talvez o grande comandante evangélico se esqueceu
que a riqueza de Deus não é material.
No
geral acho que as idelogias deveriam introduzir um Deus de amor, um Deus de
compreensão, e focar suas regras morais e familiares nas tendências da vida
social das pessoas na atualidade. Quebrar paradigmas de condutas defendidas por
muitos anos. Criadas numa época onde os mais humildes não tinham direito a
pensar, a tomar as rédeas de sua vida. Questionar. Dialogar.
Tudo
muda. Tudo se desenvolve. Os protetores da fé deveriam também se desenvolver.
Por:
Julio Verdi é blogueiro e escritor
underground, como ele mesmo se descreve. Blog http://www.julio-verdi.blogspot.com.br
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