Por: Paulo Roberto Labegaline
Pagando
bem, consegue-se comprar qualquer coisa, exceto saúde e felicidade, que nem
sempre o dinheiro pode bancar.
Há
pessoas ‘ricas e doentes’ e ‘pobres e felizes’,confirmando o ditado: ‘Somente
dinheiro não traz felicidade’. Os humoristas argumentam contra, dizendo:
‘Dinheiro pode não trazer felicidade, mas manda a pobreza para o inferno’. Acho
que precisariam refletir um pouco mais sobre isto.
Eu
classifico a felicidade em dois tipos: a que se busca na Terra e a eterna no
Céu. De nada adianta a primeira se não nos salvarmos; portanto, ser
completamente feliz é buscar a salvação. E afirmo que é possível conciliar os
prazeres da vida sem cometer pecados, basta valorizar os serviços gratuitos a
Deus e ao próximo.
Se eu
fosse ‘vender felicidade’, o faria com alegria e verdade, fatores
indispensáveis para testemunhar o lado bom da vida. E não venderia o‘produto’
rapidamente, mas aos poucos, lembrando a história do sapo cozido: se o
colocarmos numa panela de água quente, ele reagirá e pulará fora; porém, se o
mergulharmos em água fria e ligarmos o fogo, o sapo ficará quieto enquanto a
panela esquenta e morrerá cozido.
Assim
também reage o ser humano: tem a tendência de pular fora da situação que o
incomoda se não foi bem preparado para aquele tipo de mudança. É oportuno
lembrar que o dia tem 24 horas: em média, 8 para dormir, 8 para trabalhar e 8
para saborear a felicidade. Sem planejamento e orientação, as horas de
felicidade desaparecem!
Por
isso é que, nesta coluna, eu insisto nas doses de orientação espiritual àqueles
que não fizeram profundas experiências com Deus em suas vidas. Vêem paz no
rosto de pessoas que trabalham na Igreja e, mesmo assim, não mudam de
comportamento. Digo: se chamamos a atenção por sermos diferentes, experimente
você também servir a Jesus Cristo como nós!
O
texto abaixo foi encontrado na Igreja de Saint Paul, Baltimore, Estados Unidos,
datado de 1692:
“Vá
placidamente por entre o barulho e a pressa e lembre-se da paz que pode haver
no silêncio. Tanto quanto possível, sem capitular, esteja de bem com todas as
pessoas. Fale a sua verdade, calma e claramente; e escute os outros, mesmo os
estúpidos e ignorantes; também eles têm a sua história. Evite pessoas
barulhentas e agressivas. Elas são um tormento para o espírito.
Se
você se comparar a outros, pode tornar-se vaidoso e amargo; porque sempre
haverá pessoas superiores e inferiores a você. Desfrute suas próprias
conquistas assim como os seus planos. Mantenha-se interessado em sua própria
carreira, mesmo que humilde; é o que realmente se possui na sorte incerta dos
tempos.
Exercite
a cautela nos negócios; porque o mundo é cheio de artifícios. Mas não deixe que
isso o torne cego à virtude que existe; muitas pessoas lutam por altos ideais e
por toda a parte a vida é cheia de heroísmo.
Seja
você mesmo. Principalmente não finja afeição nem seja cínico sobre o amor;
porque em face de toda a aridez e desencantamento ele é perene como a grama.
Aceite gentilmente o conselho dos anos, renunciando com benevolência às coisas
da juventude.
Cultive
a força do espírito para proteger-se num infortúnio inesperado. Mas não se
desgaste com temores imaginários. Muitos medos nascem da fadiga e da solidão.
Acima de uma benéfica disciplina, seja bondoso consigo mesmo. Você é filho do
Universo, não menos que as árvores e estrelas. E quer seja claro ou não para
você, sem dúvida o Universo se desenrola como deveria.
Portanto,
esteja em paz com Deus, qualquer que seja sua forma de concebê-lo, e sejam
quais forem a sua lida e as suas aspirações, na barulhenta confusão da vida,
mantenha-se em paz com a sua alma. Com todos os enganos, penas e sonhos
desfeitos, este ainda é um mundo maravilhoso. Esteja atento!”
É um
verdadeiro tratado de sabedoria e continua atual, concorda? Que sabedoria há
também neste texto:
“O
beija-flor pode ficar parado no ar, voa para frente e para trás. É a única ave
capaz dessa proeza. Consegue voar 800 quilômetros sem pousar – distância
Rio/São Paulo, ida e volta. Suas asas batem 90 vezes por segundo, num movimento
ondulatório que lhe permite ficar quase imóvel diante da flor.
Os
cientistas descobriram o segredo de tanta energia: a maior parte do peso do
beija-flor (60%) está no coração. Não é um passarinho, é um coração que voa! Um
coração em forma de passarinho – um passarinho-coração!”
Em
pesquisa com 200 pessoas no Hospital do Coração de São Paulo, chegou-se à
conclusão que 58% dos enfartados não sentem motivação para viver em família, ou
seja, são infelizes. Ao contrário, o menor índice de doentes ocorreu no grupo
de pessoas bem humoradas. Então, eis como vender pacientemente a felicidade:
com alegria, falando da salvação eterna, valorizando a família, testemunhando
uma vida sem pecados e mostrando um coração em forma de amor.
Enquanto
estivermos nesta missão, nossa morada estará sendo construída no Céu.
Por:
Paulo Roberto Labegalini é
escritor católico, professor doutor da Universidade Federal de Itajubá-MG.
Pró-reitor de Cultura e Extensão Universitária da UNIFEI
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