A letra da música “Irmãos
da Lua”, de Renato Teixeira, diz: “Somos todos irmãos da lua /
Moramos na mesma rua / Bebemos no mesmo copo / A mesma bebida crua / O caminho
já não é novo / Por ele é que passa o povo / Farinha do mesmo saco / Galinha do
mesmo ovo /…/ E o simples resolve tudo / Mas tudo na vida às vezes / Consiste
em não se ter nada”.
Por: João Bosco Leal
É maravilhoso ver
como um tema já debatido por séculos pode ser resumido pelo autor, de forma tão
clara e objetiva. Quantas soluções simples poderiam ser tomadas, em nosso país
e no mundo, que certamente minimizariam a miséria, a fome e todos os tipos de desigualdade
entre as pessoas.
Desde a invenção da
escrita, a partir de quando foi possível documentar a história da humanidade,
não se conhece um só dia em que todos os que habitam nosso planeta estivessem
em paz. As guerras tribais por caças, alimentos, domínio de territórios ou por
recursos naturais ocorreram diariamente, durante todos os séculos, em algum
município, estado, país ou continente e, em duas oportunidades, envolveram
praticamente todos eles.
Atualmente, além
desses motivos, as guerras ocorrem principalmente por interesses políticos e
econômicos, como pelo domínio dos campos de petróleo e mais recentemente por
bacias hídricas. O mesmo jogo de poder que busca o domínio de determinadas
regiões, deixa de lado outras, sem riquezas naturais importantes, fazendo com
que milhões de pessoas no mundo sofram com a falta de alimentos, atendimentos
mínimos de saúde ou sem moradia.
São também privadas
dos mais modernos meios de comunicação – não dirigidos por esses interesses -,
livres como a internet e suas redes sociais, o que as fazem continuar naquela
situação sem sequer saber o verdadeiro motivo, ou que existem outras
possibilidades.
A região Nordeste
do país é um exemplo típico de uma verdadeira guerra que se perpetua contra
aquela população, impedindo tenha direito à saúde, moradia e educação. Não
interessa aos políticos locais – praticamente todos de pouquíssimas famílias -,
que ela tenha um mínimo de instrução, que já seria suficiente para entender que
o estudo e a geração de um emprego são melhores e lhe garantem mais futuro que
uma “bolsa” alguma coisa.
Que direito possuem
os políticos que comandam essa região de, por interesses próprios, impedir que
grande parte da região já não esteja irrigada com a água do mar dessalinizada,
processo já utilizado em diversas partes do mundo e que pude ver pessoalmente
em Cancun, onde até cerveja se fabrica com essa água.
Há décadas o
governo federal envia para a região, sistematicamente, quantias incalculáveis
de recursos, que só chegam até o palanque onde o político faz seu discurso
pregando a solução dos problemas. A partir daí os recursos somem, mas a seca, a
fome e o analfabetismo continuam.
Os exemplos ocorrem
no mundo todo, onde um pequeno grupo de homens, todos muito arrogantes em
virtude de seu poderio econômico e militar, julgam-se com poderes para
determinar a vida ou a morte de pessoas, como as que ocorrem em grande parte
dos países africanos onde, por falta de simples ações políticas, milhões morrem
de fome, outros em disputas tribais e outros – por ignorância -, de doenças
como a AIDS.
Em qualquer parte
do mundo a educação, a cultura e a consequente qualificação profissional
resolveria grande parte dos problemas citados, como ocorreu com a Coréia do
Sul, que há menos de cinquenta anos resolveu investir maciçamente na educação
de seu povo e atualmente possui um dos maiores parques industriais
automobilísticos do mundo.
Mas como canta
Renato Teixeira, “O simples resolve tudo, por isso, às vezes não se tem
nada”.
Por:
JOÃO BOSCO LEAL é jornalista (reg. MTE nº 1019/MS)
articulista político, produtor rural e palestrante sobre assuntos ligados ao
agronegócio e conflitos agrários. Blog: http://www.joaoboscoleal.com.br/
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