Greves: trabalhadores e estudantes, reagem

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Política Operária, a crise impulsiona os explorados à luta

Setembro e outubro abrigaram inúmeras greves, manifestações, bloqueios e ocupações. As campanhas salariais dos trabalhadores dos correios e bancários resultaram em greve nacional. Os metalúrgicos fizeram paralisações pontuais. Os petroleiros ainda poderão ir à greve. Professores estaduais e municipais de vários estados se lançaram à luta. Estudantes da USP e UNICAMP ocuparam reitorias.

A cidade de Natal, Rio Grande do Norte, foi sobressaltada com uma greve generalizada do funcionalismo. O Rio de Janeiro estremeceu com os choques dos professores municipais contra o projeto de Plano de Cargos e Salários do prefeito. Desde agosto, os professores estaduais e municipais estão em greve. Tentativa de ocupação da Câmara Municipal e manifestações se enfrentaram com a tropa de choque.

Em São Paulo, estudantes voltaram às ruas, desta vez em apoio aos professores do Rio de Janeiro e também por suas reivindicações, pelo fim dos processos judiciais e em defesa das ocupações. Novos bloqueios de ruas foram feitos por moradores de bairros pobres e de sem-teto. Repressão policial e ação dos Black Blocks, que se notabilizaram nas manifestações de junho, continuam a refletir o enorme mal estar que vem se acumulando no País. Em Brasília, os indígenas voltaram à luta contra os projetos de lei que acabam com a demarcação de terras.

Tomadas as gigantescas movimentações de junho e os atuais embates, temos à vista as profundas tendências de luta que vêm à superfície. As greves somente não estremeceram o país devido à enorme divisão imposta pela burocracia sindical corporativista e conciliadora. Os metalúrgicos do ABC, de São Paulo e interior passam mais uma campanha salarial sem aproveitar a situação favorável para unificar suas forças. No entanto, tudo indica que serão duramente golpeados no futuro próximo, com a retração econômica e com as demissões.


O estilhaçamento da greve dos Correios, mais uma vez, frustrou a disposição geral de luta no setor. Os sindicatos dos petroleiros e as duas federações protelam a greve, ameaçam, mas deixam claro que querem apenas negociar pequenas vantagens. Não levam a sério a desnacionalização do petróleo e o entreguismo do governo petista. Esperaram passar a disposição grevista dos metalúrgicos, bancários e correios. Aguardam o arrefecimento das tensões políticas.

Os estudantes tardiamente começam a unificar suas lutas. Suas direções de esquerda também agem corporativamente. A manifestação unificada nas ruas de São Paulo, no dia 9, mostrou o caminho certo. Mas tudo indica que é circunstancial. A direção do DCE prepara o recuo pondo de lado as reivindicações do movimento e delineando uma virada de conciliação com setores da burocracia.

No Congresso Nacional, está para ser votado o PL-4330, que amplia a terceirização. A classe operária e os demais assalariados estão prestes a receber um golpe na nuca. A CUT, Força Sindical, CTB, CSP-Conlutas, etc. ensaiaram uma resistência, mas não foram além de algumas manifestações. Não assumiram decididamente derrubar a ofensiva empresarial. As condições, no entanto, permitiam organizar a greve geral. A derrubada do PL-4330 é do interesse geral dos assalariados. Os explorados já têm suficiente experiência com a terceirização para rechaçá-la em greve e nas ruas. Faltam trabalho e organização das Centrais e sindicatos. Perde-se o momento em que as tendências de luta vêm à tona.
Estamos diante de uma situação propícia para organizar um movimento nacional unitário dos explorados, sobre a base de reivindicações que de fato defendem a vida das massas, porém não temos uma direção classista e revolucionária à altura dos acontecimentos.

Certamente, essas manifestações em várias camadas dos explorados são sintomas da crise econômica e social. Voltarão logo mais. A jornada de luta de junho demonstrou que amadurecem as condições objetivas para levantes de massa.

O desenvolvimento embrionário do Partido Operário Revolucionário não nos permite identificar e avaliar o momento em que as aspirações dos explorados convergem para a manifestação geral. Basta, no entanto, a explosão de inúmeros movimentos e ações para sentirmos o pulso convulsivo da situação social e política. O que implica ajustar o trabalho no seio dos movimentos com as reivindicações que unem os oprimidos e rompem o corporativismo do sindicalismo burocrático.

O anúncio de que em 2012 foram criados 1,148 milhão postos de trabalho com carteira assinada, quando em 2011 foram 2,242 milhões, uma queda portanto de 48,8%, indica que as demissões e o desemprego voltaram a atormentar os país de família e, em particular, a juventude. O governo procura amenizar o fato com o argumento de que ainda a taxa de desemprego é baixa, considerando as capitais (5,3%).

A queda na criação de empregos não reflete tão somente um momento na economia. Trata-se de uma tendência. A crise de superprodução mundial não foi vencida, apesar da gigantesca intervenção dos Estados imperialistas, acompanhados dos Estados semicoloniais. O Brasil seguiu, sob a condução de Lula, as determinações das potências, do G-20. Estreitaram-se, porém, as margens de manobra, que permitiram ao governo petista atacar o menos possível as condições de vida dos explorados.

O governo de Dilma está diante de profundos impasses e desequilíbrios econômicos que ditam as tendências de baixo crescimento e de recessão. A queda na criação de empregos de quase 50% em 2012 refletiu o mísero crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). A extraordinária geração de 2,242 milhões em 2011, após a crise de 2008/2009, manteve a ilusão nas possibilidades do Brasil escapar ileso do amplo processo mundial de retração e de destruição de forças produtivas. Na realidade, verificamos que os altos e baixos da economia mundial mostram que o sentido geral da crise de 2008 continua sem solução. O Brasil refletiu e reflete, em suas particularidades, o ritmo internacional da desintegração econômica e social.

Não temos dúvida de que as reivindicações gerais que unificam a classe operária, os camponeses, os indígenas e a juventude oprimida se colocarão cada vez mais com urgência diante da crise e dos ataques capitalistas às condições de vida dos explorados. As reivindicações transitórias devem ser diariamente propagandeadas e agitadas nos movimentos. A tática da frente única por sua vez deve ser trabalhada em contraposição à política corporativa da burocracia sindical. Está claro também que a burguesia e seu governo estão se preparando para reagir com violência ao avanço da luta de classes. É necessário, juntamente às reivindicações que movimentam os explorados, levantar as bandeiras de direitos democráticos e constituir organismos de autodefesa.

PORmassas.org

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