Poder: autoridades ditatoriais

Por mais incrível que possa parecer, a desfaçatez de nossa classe política só piorou depois das manifestações de junho. O autoritarismo de nossos governantes está em níveis hediondos, talvez até por perceberem que, honestamente, não mais conseguirão permanecer no poder. Antes, eles fingiam que eram democráticos, agora eles escancaram seus dons ditatoriais e a necessidade de cumprir seus “acordos financeiros” de campanha fala mais alto. Aí, que se dane o povo e seus anseios!
         Por: Alessandro Lyra Braga
Se percorrermos o país teremos inúmeros exemplos de medidas arbitrárias, com respaldo subserviente de câmaras municipais e/ou assembleias legislativas e até do próprio Congresso Nacional, que jogam a vontade popular no lixo, provando que o povo é apenas um detalhe indesejado, que só serve para apertar o botãozinho das urnas eletrônicas, pagar impostos para a mamata continuar e apanhar da PM.

Um exemplo da sem-vergonhice de nossos políticos está no Rio de Janeiro, onde o prefeito Eduardo Paes sancionou um novo plano de cargos e salários para os professores que é rejeitado por todos, menos pelos seus obedientes e subservientes vereadores. Respondendo às legítimas manifestações dos professores, estes sim desejosos do bem da sociedade, a PM simplesmente surrou-os absurdamente. É a política do “quem não está comigo, está contra mim”, que os políticos que estão no exercício do poder tanto empregam. Interessante questionarmos que se não há verba para conceder maiores aumentos aos professores e outros funcionários públicos ou para melhor aparelhar as escolas públicas e/ou o próprio Corpo de Bombeiros, sempre há verbas para comprar bombas de gás lacrimogêneo e sprays de pimenta. Ou seja, verba para combater o povo sempre há.

Ainda sobre o Rio de Janeiro, esta semana estava eu divulgando nas redes sociais um artigo que relata a triste rotina política do estado, quando um internauta de São Paulo me disse que não entendia como o governador Sérgio Cabral havia sido eleito e reeleito, se estava na cara que ele era o que de fato é. Envergonhado pela minha condição de eleitor no estado fluminense, não retruquei. Afinal, o que eu diria? Desde o episódio das manifestações dos bombeiros e policiais militares que todos sabemos das destemperanças do governador recordista nacional em rejeição. Aliás, a situação do governador Sérgio Cabral é atípica, já que quando faz ou diz alguma besteira ele verdadeiramente dá um tiro no próprio pé e na candidatura a governador do Pézão, seu vice. Haja chulé!


Outra situação que não consigo digerir com facilidade é o não registro do partido Rede Sustentabilidade, idealizado por Marina Silva. Nada me faz acreditar que não houve articulações no sentido dos cartórios atrasarem ou criarem mal entendidos em torno das 493.000 assinaturas necessárias para o registro do partido. Afinal, Marina Silva é o nome que, de acordo com as pesquisas, mais ameaçaria a reeleição de Dilma Rousseff à presidência. Já vimos partidos políticos que tiveram problemas muito maiores com as tais assinaturas e conseguiram seus registros. E, após conseguirem seus registros, foram conversar subservientemente com aqueles que mandam no país.

Como dizia Nelson Rodrigues, o brasileiro sofre de complexo vira-latas, sempre se sujeitando ao que lhe é imposto, achando que os outros são melhores. Mas, todos sabemos que no quesito “políticos sem qualidade” atingimos a perfeição, somos insuperáveis. O detalhe é que nossos políticos até sabem que não prestam, mas mesmo assim não largam o osso por nada neste mundo!

Por: Alessandro Lyra Braga é carioca, por engano. De formação é historiador e publicitário, radialista por acidente e jornalista por necessidade de informação. Vive vários dilemas religiosos, filosóficos e sociológicos. Ama o questionamento.


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