Por
mais incrível que possa parecer, a desfaçatez de nossa classe política só
piorou depois das manifestações de junho. O autoritarismo de nossos governantes
está em níveis hediondos, talvez até por perceberem que, honestamente, não mais
conseguirão permanecer no poder. Antes, eles fingiam que eram democráticos,
agora eles escancaram seus dons ditatoriais e a necessidade de cumprir seus
“acordos financeiros” de campanha fala mais alto. Aí, que se dane o povo e seus
anseios!
Se
percorrermos o país teremos inúmeros exemplos de medidas arbitrárias, com
respaldo subserviente de câmaras municipais e/ou assembleias legislativas e até
do próprio Congresso Nacional, que jogam a vontade popular no lixo, provando
que o povo é apenas um detalhe indesejado, que só serve para apertar o
botãozinho das urnas eletrônicas, pagar impostos para a mamata continuar e
apanhar da PM.
Um
exemplo da sem-vergonhice de nossos políticos está no Rio de Janeiro, onde o
prefeito Eduardo Paes sancionou um novo plano de cargos e salários para os
professores que é rejeitado por todos, menos pelos seus obedientes e
subservientes vereadores. Respondendo às legítimas manifestações dos
professores, estes sim desejosos do bem da sociedade, a PM simplesmente
surrou-os absurdamente. É a política do “quem não está comigo, está contra
mim”, que os políticos que estão no exercício do poder tanto
empregam. Interessante questionarmos que se não há verba para conceder maiores
aumentos aos professores e outros funcionários públicos ou para melhor
aparelhar as escolas públicas e/ou o próprio Corpo de Bombeiros, sempre há
verbas para comprar bombas de gás lacrimogêneo e sprays de pimenta. Ou seja,
verba para combater o povo sempre há.
Ainda
sobre o Rio de Janeiro, esta semana estava eu divulgando nas redes sociais um
artigo que relata a triste rotina política do estado, quando um internauta de
São Paulo me disse que não entendia como o governador Sérgio Cabral havia sido
eleito e reeleito, se estava na cara que ele era o que de fato é. Envergonhado
pela minha condição de eleitor no estado fluminense, não retruquei. Afinal, o
que eu diria? Desde o episódio das manifestações dos bombeiros e policiais
militares que todos sabemos das destemperanças do governador recordista
nacional em rejeição. Aliás, a situação do governador Sérgio Cabral é atípica,
já que quando faz ou diz alguma besteira ele verdadeiramente dá um tiro no
próprio pé e na candidatura a governador do Pézão, seu vice. Haja chulé!
Outra
situação que não consigo digerir com facilidade é o não registro do partido
Rede Sustentabilidade, idealizado por Marina Silva. Nada me faz acreditar que
não houve articulações no sentido dos cartórios atrasarem ou criarem mal
entendidos em torno das 493.000 assinaturas necessárias para o registro do
partido. Afinal, Marina Silva é o nome que, de acordo com as pesquisas, mais ameaçaria
a reeleição de Dilma Rousseff à presidência. Já vimos partidos políticos que
tiveram problemas muito maiores com as tais assinaturas e conseguiram seus
registros. E, após conseguirem seus registros, foram conversar
subservientemente com aqueles que mandam no país.
Como
dizia Nelson Rodrigues, o brasileiro sofre de complexo vira-latas, sempre se
sujeitando ao que lhe é imposto, achando que os outros são melhores. Mas, todos
sabemos que no quesito “políticos sem qualidade” atingimos a perfeição, somos
insuperáveis. O detalhe é que nossos políticos até sabem que não prestam, mas
mesmo assim não largam o osso por nada neste mundo!
Por: Alessandro
Lyra Braga é
carioca, por engano. De formação é historiador e publicitário, radialista por
acidente e jornalista por necessidade de informação. Vive vários dilemas
religiosos, filosóficos e sociológicos. Ama o questionamento.
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