A burguesia planta em
nossas cabeças que o país é de todos e que devemos nos empenhar em
defendê-lo. Como pode o Brasil ser um país de todos, quando as terras,
as fábricas, as minas, os bancos, o comércio pertencem a um punhado de
pessoas? Quanto ao povão, só resta a força de trabalho para vendê-la a
baixos preços, em troca de salários, isso quando consegue ter emprego. Por: Gilvan Rocha
O discurso burguês não passa de uma deslavada mentira e
dele tiram proveito os verdadeiros donos do Brasil. Tal discurso deveria
ser denunciado pela esquerda. Falta-nos, porém, uma esquerda de
verdade. O que temos, é uma esquerda desfigurada pelos anos de dominação
do stalinismo. É essa esquerda direitosa, que dá sustentação ao sistema
capitalista.
No Brasil, como no mundo, a burguesia voa, politicamente,
em céus de brigadeiro. Aqui, certa esquerda, gerencia, com excelentes
resultados, o capitalismo. Com o “Bolsa Família” administra a miséria,
atenuando seus aspectos mais agudos. Através do sindicalismo chapa
branca controla os trabalhadores insatisfeitos. Enquanto isso, a grande
burguesia, especialmente os banqueiros, retiram lucros nunca dantes
imaginados. Essa é a nossa realidade e ela reserva para os ricos a parte
do leão. Enquanto isso o mundo, incluindo o “Brasil de todos”, caminha
para a tragédia total dado o caráter destruidor de um capitalismo
esgotado, cuja permanência deve-se à indiscutível competência dos seus
políticos e ao papel que jogam, ontem e hoje, os nacionais-reformistas,
como linha auxiliar do próprio sistema.
Só existe, portanto, uma saída, a construção de uma outra
esquerda, de uma esquerda claramente anticapitalista e desfeita dos
equívocos e vícios de inspiração stalinista. Uma outra esquerda que
denuncie as falcatruas burguesas que nos impingem essa lorota de
“Brasil, um país de todos”, quando sabemos que aos ricos cabem os
favores e aos pobres os sacrifícios mais desumanos. Pobres, quando
roubam, vão para a cadeia e os ricos lhes são dados até os “embargos
infringentes”.
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