Dançando na vida!

     Por: Antônio Jorge Rottenmaier
Aprendemos a dançar. O primeiro passo vem do acalanto do colo. Para engatinhar. Depois as canções de roda. Para brincar. Mais tarde, vêm os primeiros passos nos compassos, e já descompassos. Eles chegam sem avisar. Alguns passam rápidos. Outros chegam para ficar. Na memória. Na saudade. Eternas. As primeiras notas podem ser de uma valsa perdida no tempo. Como melodias cantadas pelo vento. E quando chegam os primeiros amores, as baladas. Preguiçosas. Como o coração. E a razão. Prevalece mais a intuição. E não se pode dizer que também não virão então, os primeiros tangos e tragédias. Mas as baladas ficarão inacabadas. Para sempre recordadas. Porque deverão dar lugar as canções do suspiro ao luar. Para quem começar a amar. E também a chorar. Ainda bem que no meio delas todas, sempre aparecerá o brilho. Do amanhã. Da esperança. Como se ao som do samba e carnaval. Irreverentes. Descontraídos. Bem como se precisa para esquecer. Recomeçar. E se ainda não entendemos os bailes da vida, um vai começar. Com marcha triunfal. Nupcial. De sonhos. Projetos. Amanhãs. Que logo poderão se tornar ontem. Passados. Porque nos esquecemos de aprender novos passos. De como bem amar. Ser amados. Perdoar. Ser perdoados. Na maioria das vezes colocamos a tocar o metal pesado. Para tudo arrebentar. 

Quebrar. Esquecer. Mas sempre vão ficar algumas notas. Poucas é claro. Mas que fazem lembrar. Pensar. Podemos até solfejar. E nos condenar. Não devemos lembrar. Faz mal para quem não soube amar. Ou ser amado. O certo, entretanto, é o que ainda queremos ouvir. Ao final dos bailes da vida. E por ela podemos sorrir. Ou chorar. O bom é que muitos nas últimas notas da orquestra poderão dizer. Eu soube dançar. Viver. Sorrir. Ser. Amar. Eu aprendi a ser nos bailes. A vida.

Por:Antônio Jorge Rettenmaier, cronista, escritor e palestrante. Esta crônica está em mais de noventa jornais impressos e eletrônicos no Brasil e exterior.

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