Deus e eu, é que vale, do coração!

Muitas pessoas pensam que relacionar-se com o transcendente consiste em freqüentar um local místico, ir ao culto ou à missa aos domingos. Pensam que esta prática semanal é tudo o que se espera de sua espiritualidade.
                                  Por: Mey Pestana
oct 22, 2010 | Escrito por: adminDe fato, na antiguidade, judeus e pagãos iam aos seus templos para oferecer sacrifícios que agradassem a divindade, buscando perdão de pecados, purificação ou favores.

Conforme São Paulo em sua carta aos Romanos (Rm 12.1), oferecemos nosso próprio corpo como culto a Deus: sacrifício vivo, santo e agradável. Todos os pensamentos, sentimentos e atividades físicas laborais ou lúdicas, fazem parte do culto de adoração a Deus.

Jesus afirma que nessa adoração, mais importante que local e hora, é o coração do adorador que se aproxima de Deus em espírito e em verdade (João 4.24).

O propósito do culto a Deus é a vida plena do ser humano, com liberdade para amar e ser amado em sua relação consigo mesmo, com outro, com a natureza e com Deus.


O mais fascinante do cristianismo é que Jesus veio ao mundo para mostrar que Deus se faz presente e próximo no meio das pessoas. Que não há mais a necessidade de pagar pelos pecados e em carregar culpas, pois, ele a tudo isso levou na cruz e ressuscitou para mostrar o caminho e o destino de todos que aceitam viver nesse novo tempo, em que só nos restam os sacrifícios de gratidão cotidianos.

Infelizmente, muitos não acreditam que Deus esteja notando ou se importando com suas ações, pensamentos ou sentimentos.

Mas Deus vê tudo o que fazemos e sentimos.

Segue uma pequena história para ilustrar esse pensamento:

“Era o inverno de 1489: Um dos mais frios que já houve na cidade de Florença, Itália. Tudo estava coberto de neve e o coração de Michelângelo estava muito apertado, pois, o seu patrocinador, Lorenzo de Medici, Granduque de Florença, falecera. O filho, Duque Piero, não entendia nada da arte de Michelângelo e não estava interessado em patrocinar suas esculturas.

Um dia, o novo Duque resolveu dar uma grande festa no palácio e lembrou-se de Michelângelo. Chamou-o e pediu-lhe que fizesse uma grande escultura de uma estátua. O duque lhe disse que podia usar o material que estava no jardim. Michelângelo ficou super animado, mas ao chegar ao jardim, viu que só havia gelo!”

Não sabemos o que Michelângelo sentiu. O que você sentiria? Raiva? Frustração? Ofensa? Perda de tempo? Era digno o esforço em esculpir o gelo que ia derreter?

O fato é que ele começou a trabalhar sem demora. Horas e horas se passavam e sob aquele frio intenso, Michelângelo amontoava gelo sobre gelo, até formar um enorme bloco, para então, começar a esculpir.

Começou no topo (geralmente a escultura é feita de baixo para cima). Michelângelo não parou, mesmo sabendo que aquilo podia ser uma piada e que ia derreter.

Ele tinha decidido que se o que ele fizesse pudesse tornar Florença mais bonita, mesmo que por algumas horas, ele ia pôr seu coração nisso.
A obra estava terminada. Os convidados chegaram. Ao invés de risadas, houve um sufocante silêncio entre todos.

A estátua parecia respirar e andar… Era uma representação fantástica de Davi, da Bíblia.

Com isso, o próprio duque Piero, deu a Michelângelo o mármore para que refizesse sua obra.

Há 500 anos, milhões de pessoas já foram a Florença ver essa obra magnífica que foi feita, inicialmente, no gelo e pesa, aproximadamente, seis toneladas de mármore.

Em nossa vida, muitas vezes, nos sentimos como Michelângelo: esculpindo em gelo e perdendo tempo e esforços com algo que nem vai permanecer.
É o que sentimos no trabalho, diante de um chefe que não nos valoriza; criando filhos rebeldes e ingratos; treinando jogadores cujo time está perdendo feio; cuidando de pais idosos, diante do serviço doméstico diário que nunca termina e que poucos veem.

Tudo isso, como cada ato de fé e perseverança tem muito valor aos olhos de Deus. São os nossos sacrifícios de ações de graças, de fé e de amor. Nosso corpo sendo usado para culto a Deus como sacrifício vivo santo e agradável.
A estátua de gelo virou mármore. Os nossos sacrifícios diários a Deus terão efeito eterno.

Artigo publicado anteriormente na revista virtual Consciencia.net

Por: Mey Pestana é cirurgiã-dentista (FOUSP/1983), especialista em Aconselhamento e Psicologia Pastoral (EST/2011), bacharel em Teologia (FACETEN/2013), terapeuta comunitária Integrativa (ABRATECOM/2013). Brasileira, caçula de quatro filhos de família imigrante da Indonésia, chegada ao Brasil em início de 1960, ano em que também nasceu. Casada há 29 anos com Álvaro Cesar Pestana, mãe de Lucas (28) e Gabriela (22). Palestrante e facilitadora de rodas de TCI em Seminários e encontros femininos em todo o país. Já cantou em óperas e aprecia boas leituras e boas amizades.

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