Salve-se quem puder...

… ante a intensidade cada vez maior das chuvas

As explicações técnicas dos geólogos, sobre a fragilidade das medidas contra a intensidade atual dos temporais -ventos devastadores à parte- que dão ensejo à cenas de cidades submersas, estão publicadas na mídia pra quem quiser ler. Eis a explicação: moradias são construídas nas encostas de morros ou muito próximas das calhas dos rios em desrespeito à legislação federal, que prevê distância mínima de 30 metros; durante o período de “cheia”, o rio volta a ocupar essas margens, causando alagamentos e o acúmulo de lama, esgoto e lixo doméstico (Será que sofá velho é lixo doméstico?) no leito dos rios causa o assoreamento da calha, elevando ainda mais o nível da água. Por fim, a impermeabilização do solo (quintais de concreto, por exemplo) acaba dificultando a absorção da água da chuva. Alguns especialistas lembram ainda que as fendas na formação rochosa facilitam ainda mais a infiltração de água em encostas de morros.    Por: Milton Corrêa da Costa

Outros alegam que as dragagens e drenagens são insuficientes. “Não há escoamento rápido e adequado das águas”, diz Francisco Bogossian, Presidente do Clube de Engenharia/RJ, que lembra que “com o atual sistema de coleta de lixo não há como evitar o entupimento de bueiros. Os sacos de lixo colocados nas ruas à espera do recolhimento são arrastados para os bueiros no momento da chuva”. Associe-se a tal quadro a alegação de outros estudiosos de que a bacia hidrográfica da Baía de Guanabara, já assimilando o despejo volumoso de esgotos não suporta, ante a fúria cada vez maior da natureza, volumes de chuva tão intensos e em tão pouco tempo.


Há. pois milhares de pessoas vivendo diante do perigo em encostas de morros e na beira de rios. Remover moradores de tais áreas envolve várias discussões inclusive sociológicas. Desenvolver um programa de habitações mais dignas e seguras custa muito e não se faz da noite pro dia, sem falar que temos que contar com a cara de pau dos salafrários que desviam dinheiro publico destinado a obras contra enchentes e para desabrigados.

Agora falemos um pouco da má educação ambiental e social de boa parte da população que acha que rua, rio e encostas de morros são lixeiras públicas. A repulsa da natureza contra o homem predador e mal educado é, portanto, clara e progressiva. Parece que não adiantarão obras de construção de piscinões, encostas, barragens, dragagens, drenagens de rios, limpeza de esgotos e de galerias pluviais, se há abarrotamento, associado à lama descida das encostas, de embalagens de plásticos, isopor, materiais elétricos usados, sofás velhos. madeiras, vidros, roupas, etc. Aliás quem tenha ciência, na cidade do Rio de Janeiro, do órgão público que diariamente limpe os rios da cidade, por favor me informe. Moro na Tijuca, bairro de classe média da Zona Norte, e todos os dias posso apreciar rios sujos de lixo e nunca flagrei ninguém os limpando.

Portanto, o planeta Terra está virando um habitat inóspito à vida humana, também com temperaturas cada vez miais extremas. A natureza reage com todas as suas armas contra o desequilíbrio ambiental. É fácil observar. A força impressionante da natureza demonstra a sua revolta contra o homem predador. Talvez seja mesmo tarde demais para reverter tal quadro que mais parece o início do fim do mundo. Só nos resta mesmo rezar à Deus e implorar para que nos escute. Os gabinetes de crise terão que ser permanentes. Triste realidade.

Por: Milton Corrêa da Costa é tenente coronel da reserva da PM do Rio de Janeiro e articulista da ABETRAN (Associação Brasileira de Educação de Trânsito).

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