Em
nove das 12 cidades que sediarão a Copa, financiamento federal para os
estádios é maior do que os repasses para a educação entre 2010 e 2013,
revela levantamento da Agência Pública.
Por: júlio Cesar Cardoso
Nove dos 12 municípios que sediarão a Copa do Mundo de 2014 receberam
mais repasses federais para a construção e reforma de seus estádios do
que recursos para a educação no período entre 2010 e setembro de 2013.
Levantamento feito pela Agência Pública a partir de dados da
Controladoria-Geral da União (CGU) revela que apenas Brasília, Rio de
Janeiro e São Paulo receberam mais dinheiro federal para a educação do
que para as obras das arenas esportivas.
O cálculo da Agência Pública levou em conta apenas os repasses
federais para os municípios, sem os valores desembolsados pelos estados e
pelas próprias prefeituras. Em Recife, por exemplo, a construção da
Arena Pernambuco recebeu um financiamento três vezes maior do que o que o
governo federal repassou para a educação na capital pernambucana.
O financiamento tomado pelas unidades da federação para construir ou
reformar as praças esportivas, no valor máximo de R$ 400 milhões, devem
ser pagos com juros ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES).
“Copa do Mundo, eu abro mão. Quero dinheiro pra saúde e educação”.
Este foi um dos gritos mais ouvidos durante as manifestações de junho
em diversas capitais brasileiras. De fato, ao comparar os investimentos
do governo federal com as bandeiras da população, as prioridades parecem
não ser as mesmas.
Exceções
Das sedes, a única que não teve investimento direto da União na
construção do estádio foi Brasília. Toda a verba usada até agora para a
reforma do Estádio Nacional Mané Garrincha saiu dos cofres do governo do
Distrito Federal. Mais especificamente da Companhia Imobiliária de
Brasília (Terracap), que tem o governo federal como sócio minoritário.
Entre 2010 e setembro de 2013, informa a Agência Pública, a capital
do país recebeu R$ 33 bilhões para a educação. O valor entra na conta do
GDF pelo Fundo Constitucional do DF, uma espécie de aluguel pago pela
União por Brasília ser a sede dos poderes da República. A verba deve ser
usada exclusivamente em educação, saúde e segurança pública.
Para financiar a reforma do Maracanã, o governo do Rio de Janeiro
tomou emprestados do BNDES R$ 400 milhões. De 2010 até setembro, a União
repassou R$ 1,6 bilhão para a educação. Em São Paulo, cujo estádio está
sendo construído pela iniciativa privada, houve o financiamento de R$
400 milhões. Maior cidade do país, a capital paulista teve o repasse de
R$ 465 milhões.
Legado
A Agência Pública relacionou os investimentos públicos relacionados
ao evento e dividiu-os entre os que ficarão como desejável legado para
população brasileira, como aeroportos, portos e mobilidade urbana, e os
que foram feitos exclusivamente para a realização do Mundial – como os
estádios, os gastos em telecomunicações, segurança, turismo, etc. –
sempre utilizando os valores contratados, de acordo com o Portal da
Transparência da CGU.
De acordo com o levantamento, só nas estruturas provisórias, montadas
para receber espaços de mídia, exposição comercial e atendimento a
torcedores VIP, entre outras coisas, foram gastos R$ 208,8 milhões em
verbas estaduais nas seis sedes da Copa das Confederações de 2013.
Segundo a Pública, o governo federal já investiu R$ 7,5 bilhões em
estádios, R$ 814 milhões em obras nos entornos das praças esportivas, R$
422 milhões em segurança, R$ 226 milhões em turismo, R$ 167 milhões em
telecomunicações e mais R$ 24 milhões em outras ações.
Já no legado que será deixado para a população houve um investimento
um pouco menor. O grosso dos recursos foi destinado para obras de
mobilidade – R$ 6,5 bilhões – e aeroportos – R$ 1,7 bilhão. Outros R$
528 milhões tiveram como destino os portos brasileiros. No entanto,
obras como o monotrilho da Linha 17 – Ouro, em São Paulo, orçada em R$
2,8 bilhões, e a linha 1 do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), em
Brasília, foram excluídas da matriz de responsabilidades e devem demorar
a sair do papel.
Fonte: Congresso em Foco.
Conclusão: O governo petista é craque na política do “pão e circo”.
Por: Júlio César Cardoso é bacharel em Direito e servidor federal aposentado e mora em Balneário Camboriú – SC – juliocmcardoso@hotmail.com
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