Uma
nova pesquisa baseada em testes de computador sugere que o cérebro dos
idosos é mais lento por causa do excesso de informação acumulado ao
longo dos anos.
Fonte: BBcBrasil
O estudo contradiz a opinião de parte da
comunidade médica para quem as conexões cerebrais são prejudicadas com o
avanço da idade. A pesquisa foi publicada na revista científica Journal of Topics in Cognitive Science.
Para os cientistas, o cérebro dos
mais velhos funciona como se fosse um "disco rígido de computador" que,
repleto de dados, demora mais tempo para acessar suas informações.
Segundo eles, essa lentidão não está associada a um declínio do processo cognitivo.
"O cérebro humano funciona mais devagar com a
idade", afirmou Michael Ramscar, responsável pelo estudo, "mas somente
porque nós acumulamos mais informação com o passar do tempo".
"Os cérebros das pessoas mais velhas não ficam mais fracos. Pelo contrário, eles simplesmente sabem mais", acrescentou.
Testes de computador
Para comprovar a tese, a equipe liderada por
Ramscar, da Universidade de Tübingen, na Alemanha, programou um
computador para ler uma certa quantidade de dados por dia, bem como
aprender novas palavras e comandos.
Quando os pesquisadores instruíram o computador a
"processar" uma grande quantidade de dados, sua performance nos testes
cognitivos se assemelhou a de um adulto.
Mas à medida que o computador foi exposto a novas palavras e comandos, sua performance se assemelhou a de um homem mais velho.
Os cientistas concluíram, então, que a maior
lentidão da máquina não estava associada a uma eventual redução de sua
capacidade de processamento. Na verdade, a "experiência" acumulada – ou
seja, a necessidade de aprender novos comandos e ler novas palavras –
acabou por ampliar o banco de dados do computador, o que lhe obrigou a
processar mais dados, o que, consequentemente, demandava mais tempo.
"Imagine alguém que saiba as datas de
aniversário de duas pessoas diferentes e consiga lembrar-se delas de
maneira quase perfeita."
"Você realmente diria que essa pessoa (que se
lembra do aniversário de duas pessoas) tem memória melhor do que outra
que sabe o aniversário de 2 mil pessoas, mas só consegue dizer a data
certa uma vez a cada dez tentativas?", questionou Ramscar.
Teste cognitivo
O estudo fornece uma série de explicações sobre
por que, à luz de todas as informações adicionais que o cérebro precisa
processar, os cérebros dos mais velhos são mais lentos e mais
"esquecidos" do que os cérebros mais jovens.
Para os cientistas responsáveis pela pesquisa,
alguns testes cognitivos que são usados para analisar a capacidade
mental favorecem erradamente pessoas mais jovens.
Eles citam um conhecido teste de cognição, por
exemplo, que requer dos envolvidos lembrar-se de um par de palavras não
relacionadas, como "gravata" e "biscoito".
Estudos realizados anteriormente mostram que os
jovens têm melhor desempenho nesse teste, mas cientistas acreditam que
os mais velhos apresentam dificuldades em lembrar-se de pares de
palavras não relacionados – como "gravata" e "biscoito" – porque eles
aprenderam que essas palavras não estão associadas.
Para o professor Harald Baayen, que lidera o
grupo de pesquisa Alexander von Humboldt Quantitative Linguistics, onde a
pesquisa foi feita, "o fato de que os mais velhos acham difícil
memorizar pares de palavras não relacionados do que jovens adultos
demonstra simplesmente que os mais velhos têm um melhor entendimento da
linguagem".
"Eles têm de fazer mais esforço para aprender
pares de palavras não associados porque, diferentemente dos mais jovens,
eles sabem muito mais sobre os critérios de associação entre palavras".
Segundo os cientistas envolvidos na pesquisa,
isso explica, por exemplo, por que pessoas mais velhas têm maior
dificuldade de lembrar os nomes das pessoas.
Fonte: BBcBrasil
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