Pobreza condizente

Estou abismado com gente supostamente pensante usando o argumento de que os governos dos últimos 12 anos “tiraram milhões da pobreza” e “consolidaram a classe média”.
 Por: Gustavo Barreto
Deixa de ser pobre quem mora na mais completa miséria, em meio à insegurança (alimentar, social etc.), mas recebe mais de X centavos (transferidos forçadamente).

Passa a ser classe média quem, a pretexto de continuar subsistindo e de uma formação educacional excepcional, continua pagando mais da metade do salário pros proprietários, os 1% de ricos e poderosos, por ocasião das leis sempre aptas a defender quem tem, e não quem efetivamente produz.


A classe dos pobres deve escolher entre trabalhar como escravos pós-modernos por toda a sua vida para manter alguns direitos básicos, como se alimentar, e tentar burlar o sistema — se arriscando junto às autoridades competentes, cujos alvos preferenciais (mais frágeis) são sempre os mais pobres.

A classe média deve escolher: para ter uma casa, por exemplo — um direito humano fundamental — você escolhe entre entregar todo o fruto do seu trabalho para os proprietários de imóveis e entregar este mesmo dinheiro para os bancos, em 30 anos (até se aposentar). O governo também decide se você é classe média ou não, dependendo da quantidade de centavos que recebe a mais.

Mas para os “economistas” de Davos — os especialistas nas economias deles, banqueiros e executivos –, “classe média significa consumo, que significa bons negócios”. Trata-se de um sistema de escravidão pós-moderna que se alimenta perfeitamente: devolve quase tudo a quem detém os meios de produção e expõe na TV, com honrosas loas, todas as exceções, os que por ventura conseguiram romper as rígidas barreiras sociais.

O que temos hoje é muito evidente: o patrimônio das 85 pessoas mais ricas do mundo equivale às posses de metade da população mundial. E, veja que maravilha — o Brasil é um exemplo! É um resultado natural da maior tributação dos pobres e desta devolução cuidadosamente chamada de “consumo” pelos meios de grande circulação.

Diariamente você será bombardeado com as taxas de consumo no varejo, o rendimento das bolsas e a taxa de inadimplência. A moradia e a alimentação são um mercado — não ouse classificá-los como direitos humanos!

Ao contrário do que sugere o título desta imagem, o Brasil é riquíssimo. Pobres somos nós, quando aceitamos qualquer lorota economicista.

 
A pobreza útil
 
Por: Gustavo Barreto, jornalista, radialista e produtor cultural, coordena a revista Consciência.net.

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