Por: Bruna Fuzinato
O Relatório Lugano proporcionou-me uma reflexão acerca do sistema
capitalista e como este, poderá sobreviver em meio à superpopulação
mundial. Penso que o padrão de vida ideal em países desenvolvidos ou
não, seja aquele que proporcione a igualdade de todos, como o acesso à
educação de qualidade.
O capitalismo, que visa o lucro,
como não contabiliza os custos dos dejetos devolvidos à biosfera,
confere aos operadores do mercado uma liberdade de depreciação da
natureza, sem que esta consiga ser revertida em suas condições iniciais.
Assim, as grandes empresas, ou seja, os que possuem poder econômico são
os que mais contribuem para a degradação do meio ambiente e que afetará
consequentemente, os mais pobres. O uso descontrolado de tecnologias
não sustentáveis para atender às demandas das empresas é o que hoje,
sustenta o capitalismo com mais facilidade. Os operadores do mercado não
levam em consideração as conseqüências para o meio ambiente do uso
dessas tecnologias, pois estão interessados em fornecer os produtos à
sociedade de forma barata, com baixos custos e que consigam atender a
demanda; independente da destruição que estão causando. A respeito desse
problema, acredito que se houvesse efetivamente a aplicabilidade do
princípio poluidor-pagador ou taxação ecológica, as empresas fariam uma
revisão completa de todo o seu sistema de produção e, como elas não
desfazem da obtenção do lucro e da concorrência com outras empresas,
começariam a utilizar tecnologias sustentáveis para que não houvesse a
diminuição do capital da empresa.
Entretanto, como a tendência do crescimento da população mundial já é
evidente, para proporcionar a todos os indivíduos uma boa qualidade de
vida, essa massa de seres supérfluos deveriam se reduzir drasticamente,
pois a produção de alimentos principalmente, não irá alcançar a demanda
da população. Se essa situação continuar, sempre os que mais sofrem são
os países mais pobres, que não possuem recursos necessários para atingir
a demanda de alimentos, necessitando importá-los de outros países e,
assim, o preço dos produtos alimentícios não são acessíveis a maioria da
população. A conseqüência disso é a desnutrição, que aliada às péssimas
condições de saneamento básico, resulta em óbitos consideráveis de
pessoas. A fome, no Relatório Lugano era uma medida importante na
estratégia de redução populacional, mas penso que essa maneira não é a
mais viável. A base para se chegar ao parâmetro de qualidade de vida a
todos por meio da diminuição populacional, seria o planejamento
familiar, de forma a não repreender com medidas anti-cidadãs as pessoas
que as descumprissem como é o caso da China, mas utilizar meios para
conscientizar principalmente as mulheres da questão discutida. Isso
seria possível com a disponibilidade de métodos contraceptivos
atualmente existentes, e que se propiciasse uma maior e melhor
acessibilidade às cirurgias de esterilização.
De qualquer forma, não devo
desconsiderar que o impacto sobre o meio ambiente depende da quantidade
de pessoas para se fornecer o consumo necessário e que como este é
gerado. Assim, quanto mais a natureza é degradada, com o
desflorestamento e o uso de tecnologias ultrapassadas por exemplo, menor
vai ser a produção de subsídios necessários à sobrevivência de tantas
pessoas. Esse método da marca ecológica consiste na análise dos recursos
naturais, e fornecendo um cálculo da oferta desses recursos segundo o
consumo de determinada população, ajuda na análise da quantidade de
destruição ambiental e de produtos consumidos por determinada população,
que vão variar de acordo com o padrão de vida a que eles aspiram. Se
por outro lado, a população se reduzisse consideravelmente, os produtos
consumidos e as tecnologias utilizadas para produzi-los causariam menor
impacto no planeta.
As condições mínimas para o sucesso e a continuidade do capitalismo
mundial em meio à redução considerável da população, exercem a
manutenção do sistema liberal, como a correta remuneração de todas as
profissões, rompendo com as disparidades dos salários pagos por
trabalhos similares, bem como programas de qualificação profissional aos
menos dotados e aos jovens. O fornecimento de infra-estrutura e a
garantia de segurança aos cidadãos devem ser prioridade do Estado, além
de que os alimentos, água e energia devem ter preços acessíveis às
pessoas. Assim, a qualidade de vida das pessoas melhoraria, bem como o
próprio país, que alcançaria a diminuição da pobreza e da miséria,
propiciando cada vez mais condições necessárias para que se chegue ao
desenvolvimento.
Portanto, fortalecer a democracia
consiste em oferecer às pessoas efetivamente o princípio da cidadania,
que vai além de ter o direito de eleger os nossos governantes, como a
maioria das pessoas pensam. Ela deve propiciar às pessoas atitude para
exaltar a liberdade de opinião e de manifestação na exigência aos
governantes, através da participação ativa nos movimentos sociais, para
que elas tenham uma vida cidadã, em seu sentido mais amplo, onde todos
tenham na prática os mesmos direitos e obrigações.
De: Susan George
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