Um mundo diferente

Bruce mergulha no silêncio da noite, observa o mar de estrelas a sua frente. Quer tocá-las, mas elas estão distantes demais. Quando era criança sonhava em viajar pelo espaço só para estar próximo delas. Sentado nas escadas da sua casa mirava o céu escuro e reluzente. A mesma brisa que tocava suavemente a sua pele e o fazia levitar agora lhe causava sensações desconhecidas.
Por: Ricardo Hirata Ferreira
Alguns sons passam ao seu redor tirando-lhe a frágil concentração. Por alguns instantes retira-se do mundo, olha ao redor e vê as ruas desertas. Máquinas alienígenas passam lentamente e/ou bruscamente. Os seres que as dirigem são de outro planeta. Estão procurando alguma coisa que ainda não encontraram. Sentem-se protegidos dentro delas, pois não podem ser identificados. Acreditam estar no controle pensando assim estarem na realidade.

O canto das cigarras, o balanço das folhas e o aroma das flores noturnas fazem com que Bruce ainda se lembre de que vive no planeta Terra. De repente gritos são ouvidos vindos da espaçonave. Os seres aprisionados apesar de todo o avanço técnico se comunicam de forma primitiva, sendo essa a contradição dos tempos de hoje.


Os lugares são diferentes e tendem a serem uniformizados. As mentes pouco conseguem variar na sua criatividade. A explicação dada é que todos precisam se adaptar ao sistema e se caso ele não funcione a única solução é esperar, uma vez que a sua programação não é conhecida na sua totalidade.

Ao acordar de seus sonhos nebulosos pelo universo, Bruce se vê cercado por luzes de diversas cores e tonalidades, elas ofuscam a sua visão. As mais fracas ascendem nele a esperança e as mais fortes perturbam a sua alma. Como então distinguir a verdade em meio a tantas lanternas iguais e virtuais? A natureza trazia seus mistérios, a artificialidade do ambiente cria formidáveis espetáculos de ilusões em conjunto com uma porção de retrocessos e avanços.

Por: Ricardo Hirata Ferreira é doutor em Geografia Humana, FFLCH, USP.

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