Três anos
atrás, quando tive a oportunidade de ler a fantástica obra do cientista
político Alberto Carlos de Almeida intitulada A cabeça do brasileiro, no
qual o autor procurou descobrir o que o povo brasileiro realmente pensa sobre
determinados assuntos polêmicos, um termo em especial me chamou a atenção, o
chamado Fatalismo Religioso.
Por: Diego Andreasi
Resumidamente,
Almeida entrevistou 2.363 pessoas, em 102 municípios, incluindo todas as
capitais, e identificou que 1/3 dos brasileiros adultos entrevistados acreditam
que apenas Deus decide o destino dos homens, sem espaço para a mão humana, ou
seja, 33,3% da amostra analisada acredita que “nosso destino a Deus pertence” e
nada podemos fazer quanto a isso.
Em outras
palavras, isso significa dizer que uma significativa quantidade de pessoas
acredita que o seu provável sucesso ou fracasso está baseado exclusivamente no
talento divino, e não no trabalho. Essas pessoas definem o talento como algo
estático, que não muda. Graças a Deus, ou a biologia, você tem o que tem e pronto.
Para
essas pessoas, empenhar-se profundamente em algo é inútil, pois ou elas possuem
ou não possuem a habilidade de exercer uma determinada tarefa. Dessa forma,
passam a desistir precocemente, ou o que é pior, nem mesmo começam a exercer,
atividades das quais não possuem o pleno domínio.
O medo do
fracasso as domina e elas passam a criar desculpas para não tentar.
Sem
saber, essas pessoas ficam presas ao que a renomada professora e pesquisadora
de Stanford, Carol Dweck,chamou de mentalidade fixa. Essa forma de pensar,nos
faz acreditar que nascemos dotados de determinado conjunto de habilidades e
aptidões e que não podemos fazer muito para mudar isso.
A autora
afirma que o principal problema enfrentado pelas pessoas de mentalidade fixa é
não saber lidar com dificuldades, poisestas tendem a recuar e a arranjar
desculpas diante os problemas e incertezas que fatalmente irão encontrar
durante a vida. Para elas, se uma atividade não deu certo é porque “não era
para ela” ou porque “não iria dar certo mesmo”.
Obviamente,
é muito mais cômodo fazer-se de vítima e jogar todaa responsabilidade, que
deveria ser sua, em alguém. Mais cômodo ainda, é se esse alguém tratar-se de
uma entidade espiritual superior, dotada de toda a sua benevolência divina.
Como o comodismo é uma prática constante na cultura brasileira, o fatalismo
religioso identificado por Almeida não me causou nenhum espanto.
A
pesquisadora ainda afirma que é um grande erro acreditar que não é possível
desenvolver-se e aprimorar-se com base em treinamentos, paixão e esforço.
Entretanto,
a mesma Carol Dweck, nos fornece em seu livro Por que algumas pessoas fazem
sucesso e outras não,uma forma de escapar do Fatalismo Religioso, e
consequentemente, da mentalidade fixa**.
Essa nova
forma de pensar é chamada de Mentalidade de Crescimento, no qual as pessoas
também acreditam serem dotadas de determinado conjunto de habilidades e
aptidões, mas confiam que podem se desenvolver e melhorar.
Ampliar
essa nova mentalidade, segundo a autora, é uma poderosa ferramenta que nos
levará a alcançar melhores resultados tanto no âmbito profissional, quanto no
âmbito familiar.
Porque,
no fim das contas, ela conclui,o fundamental mesmo para ter sucesso em qualquer
área da vida é trabalho duro, perseverança e paixão pelo aprendizado
permanente.
Por: Diego
Andreasi é
graduado em Administração e pós-graduado em Marketing e Gestão de Vendas. Blog www.jovemadministrador.com.br.
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