Governadora
visita prefeita cassada para fechar apoio à chapa a prefeito e encara clima
desfavorável
Por: Carlos Santos
Tenso e
conflituoso. Foi assim o reencontro ontem (terça-feira, 26), entre a
governadora Rosalba Ciarlini (DEM) e a prefeita cassada e afastada de Mossoró,
Cláudia Regina (DEM).
Rosalba e
Cláudia: um faz-de-conta que implodiu
A
conversa entre ambas, na casa de Cláudia – residencial Portal do Sol -, mostrou
a dimensão do fosso que existe entre elas. Estão em rota de colisão, cada uma
com seus motivos para grandes diferenças.
Rosalba
resolveu fazer uma “visita de cortesia” à Cláudia, a quem apoiou na campanha
municipal de 2012. A prefeita convalesce de cirurgia a que se submeteu à semana
passada, no Hospital Wilson Rosado.
O sorriso
algemado de lado a lado, nos cumprimentos, deu lugar a rostos cerrados e
princípio de bate-boca logo em seguida.
A
governadora camuflou outro propósito na delicadeza da visita. Em sua estada em
Mossoró para entrega de mais um viaduto do Complexo Viário da Abolição, à tarde
passada, ela tratou realmente do que lhe interessa: eleições suplementares a
prefeito e vice.
Foi aí
que caiu o ‘encanto’ do encontro. A máscara desabou.
Rosalba,
mesmo horas antes do Tribunal Regional eleitoral (TRE) baixar resolução
marcando o pleito (veja AQUI, notícia dada em primeira mão por esta
página), antecipou para Cláudia a necessidade de seu apoio para lançamento de
uma candidatura do DEM a prefeito.
Contrariedade
Foi o
suficiente para a prefeita cassada se contorcer e alargar olhar vítreo, de
contrariedade, fitando a interlocutora.
Foi clara
e sem rodeios. Avisou à “Rosa” que ela, Cláudia, será a candidata. Nenhum outro
nome apoiado ou não pela governante.
Imprimiu
seu desejo obcecado de voltar à prefeitura, sob contestação de Rosalba.
A
governadora ponderou que intenção de Cláudia era um desatino. Mesmo com voz
pausada, catando palavras e soltando frases em tom quase silábico, não parecia
ser ouvida pela prefeita.
As duas
não se entenderam. Não houve consenso.
Para a
governadora, Cláudia Regina não obterá liminar para concorrer à prefeitura com
esse precário direito. Assim, tornará ainda mais difícil o DEM retomar o poder,
em que ficou aboletado por cerca de 17 anos, desde janeiro de 1997.
A
prefeita cassada e afastada não aceita conversar sob esse hipótese. Insiste em
ser candidata, mesmo com uma avalanche de cassações, não possuir controle do
DEM e ainda precisar correr atrás de uma liminar, a partir de mandado de
segurança na Justiça Eleitoral.
Rosalba
está atordoada. Além de sitiada como governadora, com uma gestão reprovada em
larga escala, sem rumo e sem prumo, também está sem o pleno comando do seu
grupo político em Mossoró.
Ela quer
fazer da secretária da Infraestrutura do Estado, engenheira Kátia Pinto (DEM),
sua candidata a prefeito nas eleições suplementares. De Cláudia, espera a
manifestação de apoio.
Sincera
hipocrisia
As duas
convivem há vários anos em nome de interesses políticos que disfarçam a
antipatia mútua. Não se toleram. O que uma vomita sobre a outra, não é
recomendável que seja postado.
O que há
de mais verdadeiro nesse relacionamento é uma sincera hipocrisia.
O
mal-estar de ontem, um dia iria aflorar. Aflorou. Aflorou sobretudo porque o
momento é extremamente delicado para as duas e para o sistema político da qual
fazem parte.
À saída
da casa da prefeita cassada e afastada, Rosalba nem de longe ostentava pompa de
autoridade. Nem parecia uma amiga da família. Pelo visto, não deixou saudades.
Em sua
“quixotesca” inauguração de um viaduto entregue ainda parcialmente, ontem, não
contou com nenhuma presença expressiva de aliados locais. Abriu caminho para
projetar Kátia Pinto, ao lado de poucos circunstantes, um filho e um sobrinho.
Seguidores
mais próximos de Cláudia foram orientados por ela à equidistância.
Carlos
é comunicado
O
episódio foi rapidamente passado para o líder do DEM em Mossoró, marido da
governadora e chefe de Gabinete Civil do Governo do Estado, Carlos Augusto
Rosado. Mal deixou a residência de Cláudia Regina, a governadora cientificou-o
do constrangimento.
Rosalba
abre caminho para Kátia Pinto (de branco), sem apoio de Cláudia e raros
correligionários (Foto: Carlos Costa)
Mais
problemas para Carlos, que é na prática o “governador de fato” do Rio Grande do
Norte.
Daqui
para frente, com o relógio e o calendário sendo também seus inimigos na
política estadual e municipal, precisará reordenar peças, arrumar ‘tropa’ e
montar chapas. Não é fácil.
No caso
de Mossoró, ainda há a hipótese de uma composição com o grupo da prima e
deputada federal Sandra Rosado (PSB), mesmo que de forma subliminar. A candidatura
própria é o caminho natural, mesmo assim.
Porém é
difícil saber, hoje, como domar Cláudia e fazê-la novamente servir ao casal,
num papel meramente secundário – como sempre aconteceu.
Fera
ferida, a prefeita cassada tem a oportunidade de se refazer em faixa própria e
dissociada do casal, ou outra vez ser combustível aos projetos dessa banda do
poder Rosado.
Fonte: Blog Carlos Santos
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