Essa foi a bandeira levantada pela IV Internacional
em abril de 1939. Respondia à opressão estalinista e à resistência do
nacionalismo ucraniano. Site: P.O.R massas
A degeneração da União Soviética e da III
Internacional, de um lado, e o avanço do fascismo e a possibilidade de eclosão
da guerra, de outro, nesse momento, colocavam para a Ucrânia a sua autodeterminação
e a garantia de sua unidade nacional. Hitler almejava uma “Grande Ucrânia”. A
Ucrânia chegou a servir de moeda de troca entre Hitler e Stálin.
A tremenda opressão nacional exercida pelo
centralismo burocrático do poder soviético degenerado potencializou o
nacionalismo das lideranças reacionárias, que trataram de buscar apoio desta ou
daquela potência imperialista à independência da Ucrânia.
A IV Internacional assim respondeu: “Enquanto
a questão depender do poderio militar dos estados imperialistas, a vitória de
um bando ou de outro somente pode significar um novo desmembramento e uma
vassalagem maior ainda do povo ucraniano. O Programa de independência da
Ucrânia na época do imperialismo está indissoluvelmente ligado ao programa da
revolução proletária.” (...) “A autêntica emancipação do povo ucraniano
é inconcebível sem uma revolução ou uma série de revoluções no Oeste, que podem
levar em última instância à criação dos estados unidos soviéticos da Europa.
Uma Ucrânia independente poderia unir-se à federação como membro igualitário e
sem dúvida que o faria.” (...) “A questão de primeira ordem é a garantia
revolucionária da unidade e independência da Ucrânia operária e camponesa em
luta contra o imperialismo, por um lado, e contra o bonapartismo moscovita, de
outro.”
Eis, finalmente, as bandeiras levantadas pela IV
Internacional, sob a direção Leon Trotsky: Nenhum compromisso, por mínimo
que seja, com o imperialismo fascista ou democrático! Nenhuma concessão, por
mínima que seja, aos nacionalistas ucranianos, sejam clericais-reacionários ou
liberais-pacifistas! Não à “frente popular”! Completa independência do partido
proletário como vanguarda dos trabalhadores! Essa posição desenvolvida
por Trotsky fundamenta a bandeira Por uma Ucrânia Soviética de operários
e camponeses, unida, livre e independente.
Quase 75 anos depois de Trotsky ter escrito a
“Questão Ucraniana”, o país se encontra em dilacerante divisão entre os
defensores de submetê-lo à Europa Ocidental e os de mantê-lo sob a guarda da Rússia.
Não foi a primeira crise. A Ucrânia se declarou soberana em 1990 e proclamou a
independência em agosto do ano seguinte. Mas como decorrência da desintegração
da União Soviética. Imediatamente ao plebiscito que confirmou a República
independente, a Ucrânia integrou a Comunidade de Estados Independentes (CEI).
Esse processo se deu sob uma ampla crise política na região e sob a pressão de
greves e manifestações.
A nova República, porém, havia alcançado apenas a
independência e soberania formais. Continuava sob a tutela da Rússia e abria
caminho para a penetração das pressões do imperialismo norte-americano e
europeu. Tal situação resultava do processo de restauração capitalista no seio
da União Soviética.
Mikhail Gorbatchov, em meados dos anos 80, lançou
as reformas pró-capitalistas. Em agosto de 1991, o poder soviético se
desintegrou de vez. A fração estalinista defensora do aparato foi
definitivamente derrotada. Os tanques da reação pró-imperialista decidiram o
curso do confronto. Boris Iéltsin liquidou a União das Repúblicas Socialistas
Soviéticas, constituiu a Federação Russa e a CEI com 12 das 15 ex-repúblicas
soviéticas.
O longo domínio estalinista teve como uma das
consequências a manutenção da opressão nacional, quando a tarefa da revolução
russa e da construção do socialismo era a de extingui-la. A bancarrota do
nacional-socialismo de Stálin liberou as forças centrífugas, impulsionadas pelo
nacionalismo burguês potenciado no seio das nacionalidades oprimidas.
A independência da Ucrânia serviu às forças
restauracionistas e nacionalistas. De maneira que inevitavelmente se veria
diante da decisão de cair nos braços do imperialismo europeu e norte-americano
ou manter sua submissão em piores condições que a vivida sob o regime
estalinista do Kremlin. O controle do porto de Sebastopol, na Criméia, pela
marinha russa, é a prova gráfica da soberania formal da Ucrânia. Inúmeros são
os laços econômicos de dependência. O mais gritante é o abastecimento de gás.
A Ucrânia é o segundo maior país da Europa. Abriga
uma população de 45 milhões. Possui vastas riquezas naturais. Sua economia é em
grande medida agrícola, dominada pela agroindústria. O país tem de condicionar
ainda mais suas forças produtivas ao imperialismo. Essa é a condição
fundamental do processo de restauração capitalista e de constituição de uma
República burguesa.
Sobre essa base, o regime não alcançou estabilidade
política. As fraudes eleitorais e a corrupção desavergonhada marcam a
caricatura da República. A restauração capitalista se traduziu imediatamente em
crise estrutural. A Ucrânia passou a ser mais um país semicolonial devedor - um
vassalo dos credores internacionais e do FMI.
Agora, em 21 de novembro, o governo da Ucrânia
decidiu não assinar um acordo de integração com a União Europeia. Os seus
defensores convocaram uma manifestação em Kiev. Foi o início do mais radical
confronto entre a fração pró-russa e a pró-europeia. A Praça da Independência
foi rebatizada por Praça Europa (Euromaidan). Trincheira de resistência da
oposição.
Fracassaram as tentativas de um acordo. A Rússia
não admite que a Ucrânia saia de sua área de influência. Não há unanimidade
entre a população. A disposição de setores da oposição é a de enfrentar uma
conflagração armada. Contam com apoio dos Estados Unidos e de governos
europeus. O problema está em até que ponto o imperialismo se dispõe a se
confrontar com a Rússia.
A via da solução pacífica, no entanto, se encerrou
com quase uma centena de mortos (incluindo policiais). É difícil reatar as
negociações com os pés calcados em sangue. O imperialismo pressionará para que
se antecipem as eleições e para que o governo de Viktor Yanukovich seja
afastado.
Os explorados se arrastam por trás dos
pró-imperialistas e dos nacionalistas pró-Rússia. Nenhuma das vias garantirá a
autodeterminação da Ucrânia. A ausência de um partido revolucionário
impossibilita estabelecer a unidade da maioria oprimida pela constituição de um
governo operário e camponês.
O proletariado mundial deve rechaçar qualquer
intervenção do imperialismo. Deve se colocar pelo fim dos massacres, pela total
independência da Ucrânia diante do imperialismo norte-americano e europeu e do
domínio russo, pela derrubada do governo incapaz de garantir a autodeterminação
do País e por uma Ucrânia Soviética de operários e camponeses, unida, livre e
independente.
Por uma política do proletariado independente do
imperialismo europeu, norte-americano e russo!
Pela autodeterminação da nação oprimida ucraniana!
Fonte: P.O.R massas.org
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