Violência, que sirva de reflexão



Estamos numa situação crítica no quesito segurança. Pagamos impostos em tudo e o Estado não nos devolve com a proteção. 
 Por: Bruno Barreto
Na Idade Média, um dos fundamentos de se pagar tributos era justamente o direito de receber a segurança dos senhores. Hoje não podemos dizer que temos esse retorno em pleno século XXI, em plena democracia.
 
É difícil convencer o cidadão comum que estamos nas mãos dos bandidos por conta de uma explosiva combinação de pobreza, com falta de investimentos sociais adicionada à educação precária.

É tentador fazer justiça com as próprias mãos. Ora! Se somos roubados por um menor de idade ele vai ser solto horas depois e ainda por cima pode voltar para terminar o "serviço"? É natural esse sentimento.
 
Estamos numa sociedade em que a impunidade toma conta. Todo mundo faz tudo e só é punido quem dá "azar". Veja o caso dos roubos. Se o nosso país fosse sério logo que alguém entrasse para roubar a sua casa a polícia viria com um aparato técnico para colher impressões digitais e com esses dados identificar quem apareceu.
 
Infelizmente não é assim. Arrombam as nossas casas, ficamos com o prejuízo e ainda por cima temos que dar de cara com um escrivão nos "aconselhando" a desistir de reaver o produto porque não vão encontrar. "A essa hora já trocaram por pedra", é o que escutamos de forma recorrente.
 
Difícil querer pedir para o cidadão não querer fazer justiça com as próprias mãos se tiver a oportunidade de fazer com um bandido. É por isso que a jornalista do SBT Rachel Sheherazade dividiu o Brasil ao analisar a história do ladrão acorrentado pelo povo e desafiou os que defendem os direitos humanos a "adotar" um bandido.
 
É claro que ela vai receber apoio popular pelas palavras. É claro que quem não quer quem entende que fazer justiça com as próprias mãos é se nivelar com a bandidagem vai reagir.
 
Ser contra reagir aos bandidos com os mesmos recursos deles não é fácil. Tem que ter personalidade forte para não se sentir em contradição aos questionamentos de sempre: "quero ver você dizer isso se estuprarem sua esposa" ou "matarem o seu filho". São situações hipotéticas que podem ou não acontecer.
 
O problema é que não paramos para pensar que somos culpados pela violência. Não entendemos que a origem dela está nas nossas escolhas políticas.
 
Durante a campanha política você analisa as propostas do seu candidato para a segurança? Você leva em consideração o preparo do seu candidato na hora de votar? Votas por simpatia?
 
Pense nisso na hora que você abrir a porta e encontrar a sua casa depenada. Pense nisso quando for à polícia e encontrar a falta de condições de trabalho dos policiais. Pense nisso na hora de escolher seus candidatos.
 
A falta de segurança existe por meio de um efeito dominó que resvala aqui em nós que trabalhamos honestamente para pagar impostos que são desviados das finalidades.
 
Aquele menino que tomou a sua moto no sinal não é vilão por acaso. Tem toda uma história por trás. Pense nisso concordando ou não com as minhas palavras.

Por: Bruno Barreto, Via: Jornal o Mossoroense

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