“A
qualidade de uma nação se mede pela qualidade de suas instituições. O futuro
depende visceralmente da confiança que a sociedade tem em seus líderes e no
ambiente institucional reinante”
Por: Marcus Pestana
Não é
comum um cinegrafista morrer em praça pública exercendo a profissão que tanto
amava fruto de um ataque selvagem, difuso e por motivos que não lhe diziam
respeito. Não é normal o fusca de um serralheiro, evangélico e pobre, ser
queimado em plena avenida pela mesma explosão irracional de um movimento sem
bandeiras e objetivos claros. Não é aceitável a sociedade ficar refém de uma
minoria barulhenta e raivosa, em plena democracia, que quebra lojas, bancos e
agências de automóveis, por não querer a Copa no Brasil ou reajustes nas tarifas do
transporte coletivo. Não é usual a população do Rio de Janeiro ficar sem o
direito de trafegar por uma das principais vias da cidade porque a guerra do
tráfico incendiou uma das entradas de um túnel.
Não é
normal o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal ficarem sitiados por
uma ruidosa manifestação do MST. Não são confortáveis cenas dramáticas como as
do presídio do Maranhão e as declarações prostradas de autoridades prisioneiras
de uma situação lamentável do sistema penitenciário brasileiro. É estranho um
país como Brasil, com enorme potencial energético, conviver com apagões. Não é
compreensível uma poderosa empresa como a Petrobras, diante da descoberta do
pré-sal, conviver com queda contínua de produção, aperto de caixa e ações
despencando.
Não é
confortável conviver com níveis alarmantes de corrupção contaminando as
instituições em todos os níveis. Não é edificante ver o aparelhamento e o
fatiamento político rasteiro da máquina pública, com inaceitáveis e
inexplicáveis 39 ministérios. Não é desejável ver o Brasil no segundo lugar da
lista de emergentes mais vulneráveis, no relatório do BC dos EUA, em um país
dinâmico como o nosso, fruto de contabilidades criativas e intervencionismos
atabalhoados. Não é possível compreender as baixas taxas de investimento e
crescimento, que sacrificam a renda e o emprego de qualidade, em um Brasil
cheio de potencialidades. Não é possível aceitar a desmoralização do discurso
oficial, que anuncia por 11 anos conquistas que não saem nunca do papel. Não é
normal uma federação estraçalhada com a maioria dos municípios à míngua e a arrecadação
federal batendo recordes.
Às vezes,
a gente se acostuma, mas não devia.
A qualidade de uma nação se mede pela qualidade de suas instituições. O futuro
depende visceralmente da confiança que a sociedade tem em seus líderes e no
ambiente institucional reinante. O valor do governo, dos políticos e dos
partidos se mede não por suas intenções ou por sua retórica, mas por seus
resultados.
Alguma
coisa está fora da ordem. Os ventos da mudança começam a soprar. O contraponto
dos defensores do atual estado das coisas é poderoso. Mas a mudança é
inexorável.
A morada
da mudança é a consciência e a atitude de cada um. Cada um faz a sua parte. Mas
a mudança só nascerá a partir da vontade coletiva.
O futuro
do país é uma obra em construção.
Fonte: Congresso em Foco
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