Por: Sérgio Domingos
A última visita de Lula a Cuba deixou muita gente da esquerda de
cabelo em pé. O ex-presidente viajou com Blairo Maggi, peso pesado do
agronegócio brasileiro e o maior plantador de soja do mundo. Ambos se
encontraram com o líder do governo cubano, Raul Castro, e defenderam a
experiência brasileira nas áreas de energia e agricultura.
Trata-se do modelo imposto no Brasil com a entusiasmada ajuda dos
governos tucanos e petistas. Representa um desastre ambiental, social e
energético. Sua possível adoção na ilha de Fidel só pode causar grande
preocupação naqueles que respeitam a luta do povo cubano contra o
imperialismo.
Mas, talvez, já exista algo pior que o agronegócio ameaçando o povo
de Cuba. E é um produto ainda mais brasileiro que a soja transgênica e
os agrotóxicos. Trata-se das telenovelas. Quem se identifica como
brasileiro nas ruas das cidades cubanas costuma ser recebido com a
seguinte descrição: “Ah, Brasil! A terra das melhores novelas!”.
O mais recente sucesso nas TVs cubanas, por exemplo, é “Avenida Brasil”, da Globo.
A personagem mais popular é Suellen, a “periguete” vivida por Isis
Valverde. Mas já passaram por lá dezenas de outras produções brasileiras
desse tipo e “qualidade” nas últimas décadas.
Se as substâncias tóxicas e geneticamente modificadas da turma do
Maggi são um veneno, a peste ideológica que representa nossa produção
televisiva pode ser fatal. É muito provável que as primeiras só venham a
ser adotadas por que a segunda ajudou a preparar o terreno. O ilustre
petista só está ajudando a completar um trabalho sujo que já vem de
muito tempo. Aqui e lá.
Leia também: “Nosso imperialismo” chega a Cuba
Por: Sérgio Domingues é militante social e partidário (PSOL). Membro do coletivo Revolutas. Também tem um blog sobre mídia: Mídia Vigiada. Sociólogo.
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