Política: faça melhor escolha

Ninguém é perfeito. Aqui, não se pratica uma justiça honesta. As pessoas e as instituições são produtos da cultura vigente, das experiências vividas, do aprendizado formal e informal e, principalmente, das circunstâncias em determinadas situações.
Esta escrita abordará dois episódios recentes acontecidos no Brasil: a) as manifestações de junho de 2013 e b)a cassação do deputado Natan Donadon – 12 fev. 2014.
    Por:Afonso Farias Junior
Quando irromperam os protestos em junho passado, o povo aderiu com toda a insatisfação contida e descartou todas as possibilidades daquilo vir a ser um movimento político partidário. O cidadão queria vociferar a sua indignidade com os péssimos serviços públicos e o descaso dos governantes e políticos para com a questão das políticas públicas nacionais e sua gestão, especialmente aquelas voltadas à: saúde, segurança, mobilidade/transporte e educação.


Nesses quase 30 anos de democracia, as estruturas e o funcionamento das instituições públicas foram ruindo, a entropia insurgiu-se violentamente. Dirigentes desqualificados, gerentes incapazes e servidores negligentes, improdutivos e alienados do seu papel de servir tomaram conta da maioria dos órgãos governamentais (nos municípios, estados e União). Com raríssimas exceções, os serviços disponibilizados à população são demorados, ineficientes e pouco ou atrasadamente resolvem o problema do cidadão. Muitas vezes, não resolvem.
A violência é capítulo a parte. Houve incremento vertiginoso na prática dos diversos crimes nos estados brasileiros. Os homicídios por arma de fogo nos colocam em situação vexatória. Cidades tidas como pacatas e de pouca tradição nessas questões de violência, agora, estão afetadas fortemente. Brasília e o seu entorno são exemplos disso.

Quanto à perda do mandato do Deputado Natan Donadon, é hilária a situação, para não dizer grave. Na primeira votação, seis meses atrás, o deputado não foi cassado, pois não houve quórum suficiente (257 votos a favor da cassação). No dia 12 fev. 2014, ele foi cassado pelos presentes à Câmara dos Deputados – 467 votos – mas, agora, a votação era aberta. Apenas um deputado (Asdrúbal Bentes, PMDB/PA) absteve-se de votar e alegou que não havia condições para fazer, uma vez que também está sub judice no STF.

Os seis meses transformaram o pensamento dos parlamentares sobre a cassação ou a questão do voto aberto modificou a maneira de votar? Parece que prevalece a segunda alternativa. O jogo transparente das votações e a proximidade das eleições fizeram com que os deputados apreciassem de forma diferente a segunda votação.

Porém, fica no ar o seguinte: como são feitos os arranjos para apreciar os projetos de lei e outras normas? Onde não há obrigatoriedade de transparência os procedimentos permanecerão com antes, isto é, questões éticas, morais e de fortalecimento da cidadania serão ajustadas sob a escuridão das necessidades, interesses e aspirações da sociedade.

Dessa forma, como alegado anteriormente, as circunstâncias e a nossa cultura impõem um futuro pouco promissor e um destino conflituoso, desastrado e violento. Aqui, tudo se pode. Neste País, construiu-se uma democracia à brasileira, isto é, repleta de vícios, desrespeitos e fraudes. O mal está incrustadonas estruturas públicas municipais, estaduais e federal. Ele também viveno desamparo e na deseducação do povo. Assim, procura-se o bem… Uma dica: para encontrá-lo, investigue se ele ainda reside em você, ok? Mais tarde, vote nele. Ainda há solução.

Por: Afonso Farias Jr é mestre em administração pública, doutor em desenvolvimento sustentável, pesquisador e professor universitário.

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