Zé de Solon Moura era um camarada
que tinha um medo danado de ser corneado pela esposa. Então, para início de conversa o sujeito e sua
família chegaram de uma hora para outra de mala e cuia a tiracolo vindo de
algum lugar incerto no povoado Cearense nas proximidades de Tabuleiro do Norte.
O camarada dirigiu-se para fazenda muluguzinho que denominava ser a mais
próspera e rica da região, o cabra chegou de mancinho pediu guarida ao
proprietário que falou “bem, temos apenas a casa velha perto do celeiro” se
quiser pode ficar por lá se por acaso trabalhar para nós “há sim senhor quero
sim” respondeu o andarilho. Por: Iram de Oliveira
O cara logo de manhã antes de
sair para a luta da fazenda, dominado pelo medo daquelas coisas (chifre) veja bem,
alisava o pé da porta, enfiava o dedo na chereca da mulher e cheirava, passava
a chave na porta arrudiava toda a casa depois disso saia, sempre dando uma olhadinha
para trás com um cuidado que só ele tinha com a dita cuja. KKKKKKKKKKKkk. Na volta
o sujeito fazia o inverso para ver se estava do jeito que deixou inclusive investigava
de novo o bacaiau da esposa, imagine, o fedor!
E todos os dias aquele mesmo
ritual feito pelo o cismódolo de corno, de tanto fazer repetir aquele gesto
insano caiu na boca do povo e começaram a comentar o ocorrido o assunto tomou conta do lugar, lugar pequeno
o povo gosta de comentar certas coisas, fofoca, fuxico todos ficaram sabendo da
arrumação do Zé. A meninada que não é boba nem nada, nunca foi, penso eu, começaram
a arquitetar um plano e certo dia o tal do Zé semi-corno, quando saiu fora
cedinho na amanhã de qualquer dia tinha no seu portão do quintal uma enorme
cabeça de vaca (carcaça) morta com dois chifres apontado direto para sua casa,
mais não é que o Zé também pondera sentiu-se ofendido com aquela coisa pontuda,
o camarada ficou furioso primeiro entrou em casa cuspindo bala e grita por “Maria”
enfiou o dedo no negócio da mulher “tem algo diferente mesmo” deu umas lapadas
na criatura submissa, é, naquele tempo era assim peia era o de menos quando o
cabra se sentia ofendido, pegou a faca de doze polegadas partiu com destino ao
vilarejo vizinho e gritou alto “tão me chamando de corno mais veja lá, se for
menino vou dar-lhe uma surra pode ser filho de quem for agora, se for home
vamos se lascar na ponta da faca dêr no que der, não tenho medo de macho nenhum”,
na hora mesmo não apareceu uma pessoa para esclarecer o assunto, mas seu
Donatério, homem de respeito esperou sentar a poeira e logo mais procurou o “corno”
e garantiu iniciar uma investigação para esclarecer os fatos, pergunta aqui
pergunta dali descobriu que tinha sido os meninos de Batista o Zacarias e os
dois filhos de Manoel da várzea o Antônio e o Estevam.
Assim comunicado os fatos aos
pais todos procuraram exemplar os meninos atrevidos os dois primeiros foi na peia e o último foi
prometido uma surra, a questão é que peia é diferente de surra na primeira é
praticada com uma chinela ou corda e a segunda com fitilho, corrente ou cipó de
mameleiro, é véi, naquele tempo a vida de criança era fácil não o Kinute/peia/surra
era o castigo dos malcriados, diziam lá eles que não era Santo mais obrava
milagres que era uma beleza, hoje em dia, graça
Deus as coisas são bem diferentes.
O que ocorreu é que o principal
arquiteto da ação mirabolante Estevam, se escondeu no mato durante quatro meses
e só vinha em casa de noite fazer as
refeições que a mãe (acoitava) guardava prontinha na cozinha o menino malandro
comia até no escuro, os outros dois meninos apanharam dos pais até ferir as
costas as mães coitadas lavaram os dois “pestinhas” com água de sal era
chororou medonho dessas criaturas que todos da vila tiveram peninha deles mais
nada poderiam fazer, os país eram muitos valentes ninguém se metia em briga de
família é perigoso sobrava para o intrometido, ora essa.
Estevam, astucioso conseguiu
se livrar do castigo maior digo da surra viveu um certo tempo na mata tipo
bicho bruto até que o Zé “corno” envergonhado com os olhares maliciosos e de desaprovação
de suas atitudes nada comum da gente do lugar teve que pegar a estrada em busca de novas
paragens que ali não mais tinha clima em sua permanência, na verdade o Zé de
Solon Moura depois do acontecido não era
mais bem vinda ao lugar. E assim, o tal Zé e sua “pobre coitada” bateu em
retirada e nunca mais foi visto por essas bandas. Quem souber diferente que
conte outra.
De: Iram de Oliveira, Geógrafo/Narrado por Estevam hoje com 69 anos de idade.
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