Por: Felipe Aquino
A maior esperança cristã é esta: a vida não termina na morte, mas continua no além. E muitos perguntam “o que virá depois?“. Somente a fé católica tem resposta clara para esta questão.
A Carta aos hebreus diz que “está determinado que os homens morram uma só vez e em seguida vem o juízo”
(Hb 9,27). Para nós católicos, isso liquida de vez com a mentira da
reencarnação, que engana tantas pessoas, e as deixa despreparadas diante
da morte, acreditando neste erro, e com uma falsa ideia de salvação.
São Paulo ensinava aos cristãos de Corinto, muito influenciados pela mitologia grega que dominava a região, que “ao
se desfazer esta tenda que habitamos neste mundo, recebemos uma casa
preparada por Deus e não por mãos humanas, uma habitação eterna, no céu” (2Cor 5,10). Mas, Paulo não deixou de dizer que “teremos
de comparecer diante do tribunal de Cristo. Ali cada um receberá o que
mereceu, conforme o bem ou o mal que tiver feito enquanto estava no
corpo” (2Cor 5,10).
A Igreja nos ensina que logo após a morte vem o Juízo particular da
pessoa. Diante da justiça perfeita de Deus, seremos julgados. Mas é
preciso lembrar que o Juiz é o mesmo que chegou até o lenho da Cruz para
que ninguém fosse condenado, e tivesse à sua disposição, através dos
Sacramentos da Igreja, o perdão e a salvação que custaram a Sua Vida.
Afirma o nosso indispensável Catecismo que: “Cada homem recebe em
sua alma imortal a retribuição eterna a partir do momento da morte, num
Juízo Particular que coloca sua vida em relação à vida de Cristo, seja
através de uma purificação, seja para entrar de imediato na felicidade
do céu, seja para condenar-se de imediato para sempre” (§ 1022).
Isto mostra que imediatamente após a morte a nossa alma já terá o seu
destino eterno definido: o céu, mesmo que se tenha de viver o estado de
purificação antes (purgatório), ou o inferno.
Sobre o céu diz São Paulo que “o que os olhos não viram, os
ouvidos não ouviram, e o coração do homem não percebeu, isso Deus
preparou para aqueles que o amam” (1Cor 2,9).
O Papa Bento XII (1335-1342), assegurou através da bula “Benedictus Deus”,
que as almas de todos os santos, mesmo antes da ressurreição dos mortos
e do juízo geral, já estão no céu. A Igreja, desde o tempo dos
primeiros mártires acredita, sem dúvida, que eles já estão no céu,
intercedendo pelos que vivem na terra. São muitos os documentos antigos
que confirmam isto.
Sobre o purgatório a Igreja também não tem dúvida, já que esta
verdade de fé foi confirmada em vários concílios ecumênicos da Igreja:
Lião (1245), Florença (1431-1442), Trento (1545-1563), com base na
Tradição e na Sagrada Escritura (1Cor 3,15; 1Pe1,7; 2Mac 12,43-46 ).
Ensina o Catecismo que: “A Igreja denomina Purgatório esta purificação final dos eleitos, que é completamente distinta do castigo dos condenados”(§1031).
As almas do Purgatório já estão salvas, apenas completam a sua
purificação para poderem entrar na comunhão perfeita com Deus. Diz a
Carta aos hebreus que “sem a santidade, ninguém pode ver o Senhor” (cf. Hb 12,14).
Mais do que um estado de sofrimento, o Purgatório é, ensina São
Francisco de Sales, doutor da Igreja, um estado de esperança, amor,
confiança em Deus, e paz, embora a alma sofra para se santificar.
Para os que rejeitarem a Deus e sua graça, isto é, que deixaram o
coração endurecer, o destino será a vida eterna longe de Deus, para
sempre, e junto daqueles que também rejeitaram a Deus. Jesus diz que ali
haverá “choro e ranger de dentes”.
É preciso dizer aqui que Jesus foi ao extremo do sacrifício humano
para garantir a todos os homens a salvação; logo, Ele fará de tudo para
que ninguém seja condenado. Mas Deus respeita a liberdade de cada um, e,
como disse Santo Agostinho, Ele que nos criou sem precisar de nós, não
pode nos salvar sem a nossa ajuda.
Ao falar do inferno, o Catecismo diz que: “Deus não predestina
ninguém para o inferno; para isto é preciso uma aversão voluntária a
Deus (um pecado mortal), e persistir nela até o fim”. São Pedro diz que Deus “não quer que ninguém se perca, mas que todos venham a converter-se” (2Pe 3,9).
Se a lembrança do inferno trouxer medo ou insegurança ao seu coração,
lembre-se daquilo que disse um dia São Bernardo, doutor da Igreja: “Nenhum servo de Maria será condenado”. Sem dúvida a Mãe de Deus saberá salvar aqueles que foram seus fiéis devotos aqui na terra. Ela é, afinal, a Mãe do Juiz!
A Igreja nos lembra ainda que na segunda vinda de Cristo, a Parusia,
que ninguém sabe quando será, haverá o Juízo final ou geral. O Catecismo
ensina que: “A ressurreição de todos os mortos, ‘dos justos e dos injustos’ (At 24,15), antecederá o Juízo Final” (§ 1038).
O Magistério da Igreja ensina que esta será “a hora em que todos
os que repousam no sepulcro ouvirão a Sua voz e sairão, os que tiverem
feito o bem para uma ressurreição da vida; os que tiverem praticado o
mal para uma ressurreição de julgamento” (Jo 5,28-29). “Então Cristo virá em sua glória e todos os seus anjos com Ele…” (Mt 25,31).
Portanto, a ressurreição dos corpos ainda não aconteceu nem mesmo
para os santos. Os seus corpos ainda aguardam a ressurreição do último
dia. Somente Jesus e Maria já ressuscitaram e têm seus corpos já
glorificados.
Quanto a este grande Dia da volta gloriosa do Senhor, a Igreja não
quer que se faça especulações sobre ele; pois o próprio Cristo o
proibiu. Muitos foram enganados e a fé desacreditada por muitos que ao
longo dos séculos ousaram marcar a hora da volta do Filho de Deus.
Sobre isto, o Papa João Paulo disse recentemente: “A história
caminha rumo à sua meta, mas Cristo não indicou qualquer prazo
cronológico. Ilusórias e desviantes são, portanto, as tentativas de
previsão do fim do mundo.” (L’Osservatore Romano, n.17 – 25/4/98)
Muitas vezes a Igreja já se pronunciou sobre esta questão. No Concílio ecumênico do Latrão, em 1516, assim afirmou:
“Mandamos a todos os que estão, ou futuramente estarão incumbidos
da pregação, que de modo nenhum presumam afirmar ou apregoar
determinada época para os males vindouros para a vinda do Anticristo ou
para o dia do juízo. Com efeito a Verdade diz: ‘Não toca a vós ter
conhecimento dos tempos e momentos que o Pai fixou por Sua própria
autoridade. Consta que os que até hoje ousaram afirmar tais coisas
mentiram, e, por causa deles, não pouco sofreu a autoridade daqueles que
pregam com retidão. Ninguém ouse predizer o futuro apelando para a
Sagrada Escritura, nem afirmar o que quer que seja, como se o tivesse
recebido do Espírito Santo ou de revelação particular, nem ouse
apoiar-se sobre conjecturas vãs ou despropositadas. Cada qual deve,
segundo o preceito divino, pregar o Evangelho a toda a criatura,
aprender a detestar o vício, recomendar e ensinar a prática das
virtudes, a paz e a caridade mútuas, tão recomendadas por nosso
Redentor’”.
Diz o nosso Catecismo: “Só o Pai conhece a hora deste Juízo, só
Ele decide do seu advento. Através do seu Filho Jesus Ele pronunciará a
sua palavra definitiva sobre toda a história. Conheceremos então o
sentido último de toda a obra da criação” (§ 1040).
Blogue luso-brasileiro: “PAZ”
Por: Felipe Aquino é casado, tem cinco filhos, doutor em Física pela UNESP. É membro do Conselho Diretor da Fundação João Paulo II. Participa de aprofundamentos no país e no exterior, já escreveu 60 livros e apresenta dois programas semanais na TV Canção Nova: “Escola da Fé” e “Trocando Idéias”.
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