O menino da bicicleta

            Foto: Ilustrativa
Em torno dos meus 10/11 anos de idade se não me falha a memória ainda quando morava em uma pequena cidade do interior do RN. Andavamos bastante eu meus irmãos menores de bicicleta pelas emplêiadas da região. Clério mano abaixo de mim era sempre um companheiro de campo e de pedaladas, vez por outra, íamos ao sítio da divisão, para pegar velocidade boa pedalava os dois nos pedais e acunhava chão a dentro o pneu da magrela chiava nas pedras de chão batido. Andava mais ou menos 1 km na BR-226 depois entrava a direita na porteira mais 3 a 4 km adentro, a vereda que só dava para seguir a pé, bicicleta ou carroça de burro, carro nem pensar. 

Duas ou mais vezes por semana fazia esse trajeto até a baixa de arroz do açude da Divisão que o nosso pai trabalhava enfim.  Certa feita meu mano velho de “guerra”, amanheceu com princípio de gripe, moleza no corpo, e não pôde ir a nossa caminhada que sempre fazíamos, mãe autorizou, fui eu sozinho a magrela e Deus. Arrochei o pé digo o pneu na bendita estrada, porteira entrei, mundo sombrio só escutava o cantar dos pássaros, bateu um pouco de medo menino ainda, um calafrio veio e foi, passou, vamos embora, á frente quem é da terra lembra uma Cruz; nesse tempo não mais tinha nem a cruz de fato era um monte de pedras que subtendia que algo estranho tinha acontecido naquele lugar, dizem que um desafeto matou o outro a facadas, lembrei da história que  meu Tio Jonas (nome fictício) contava, da alma que subia na garupa da bicicleta dos homens de lá, aí que o medo foi grande! Quando passei em frente senti a coisa pesada, pensei lascou é o morto, a gora meu pai do céu. Forcei os pedais na subida não olhava para traz nada, com medo vá! Subi, subi na subida lá em cima, iniciou-se a descida da ladeira  e a bicicleta ficou maneira, graças a Deus o morto desceu, e a bicicleta “desinbestou” pegou carreira, pegou uma velocidade, olha eu continuei pedalando forte e nem percebia, no meio da descida a corrente da Monark caiu da catraca e enganchou entre o cubo, foi quedão, fui o barro, bicicleta pro lado eu pra outro, fiquei todo arranhado, as pernas, os braços, a cara suja de barro solto, passei a mão na testa um galo enorme tinha feito. Abrir o bocão na hora, buá, buá buá... de repente avistei  se aproximando o senhor na carroça não conhecia o sujeito mais ele parou e prestou socorro, levou de volta para casa. Toc,toc,toc. Mãe saiu fora pergunta “que houve menino”  o homem “Dona Maria encontrei esse garoto depois da cruz caído no chão desse jeito todo arranhado, é seu filho” é, disse mãe.  Não deixe esse menino ir sozinho para aquelas bandas não senhora é muito perigoso, tá bem senhor vai mais não. Hora, quando ainda tava criando casquinha (feridas) fui de novo  eu e clério que não sou besta, pois perdi o medo.

Quem souber diferente que conte outra.

Por: Iram Oliveira 

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