A história merece ser lembrada. Paris estava entregue a todo tipo de
ladrões, assaltantes e salteadores. O rei Carlos IX, talvez desejando
aprender, quis saber como os batedores de carteira praticavam tão bem a
sua arte. Assim, instruiu a polícia para convidar os dez maiores
“artistas” para o próximo baile real, onde a recém-recomposta
aristocracia e a alta burguesia estariam presentes.
Por: Carlos Chagas
Terminado o baile os dez larápios foram aprisionados, verificando-se
que em dinheiro e jóias, haviam recolhido milhares de francos. O rei
quase morreu de rir e permitiu que os bandidos conservassem o fruto de
suas coletas, mas, por cautela, determinou que fossem todos alistados no
exército. Com a França em guerra, era mais fácil tê-los mortos do que
vivos…
Com todo o respeito, a presidente Dilma Rousseff deveria preparar
imediatamente um grande baile da República, tanto faz se no Alvorada ou
no Itamaraty, convidando a classe política, o Congresso, o ministério,
os altos funcionários, os dirigentes de empresas estatais, os lobistas, o
empresariado e demais integrantes das elites. Ficaria difícil
selecionar apenas dez dos participantes, talvez fosse melhor desconfiar e
revistar todos os convidados.
Sem a menor dúvida, através dos métodos eletrônicos de prospecção de
mal-feitos, pelo menos a metade dos convidados se veria obrigada a
alistar-se, senão nas forças armadas, já que não estamos em guerra
externa, quem sabe nas UPPs, nas unidades de ocupação das favelas e
periferias ou nas delegacias.
Porque jamais, em tempo algum, a corrupção registrou níveis tão
elevados quanto nas últimas décadas, no Brasil. Não há quem não procure
levar vantagem em tudo, com sinceras desculpas ao grande craque do
passado. Lemos nos jornais do fim de semana que o tal Yosseff, doleiro
preferido das elites, ameaça divulgar o nome de pelo menos 47
parlamentares com os quais mantém perigosas relações.
Caso Marcos Valério se disponha a abrir a boca, só o Maracanã
abrigará o número de novos mensaleiros condenados. Nos partidos, em
massa haveria defecções forçadas, sem esquecer tribunais, corporações,
empreiteiras, prefeituras, governos estaduais, a mídia, igrejas e até
clubes de futebol.
Somos uma nação corrompida à espera do convite para o grande baile da
República, onde seria possível identificar os modernos batedores da
carteira nacional. A duvida é saber se a presidente iria rir, como
Carlos IX, e permitir que cada ladrão conservasse o produto de seu
roubo…
A ORDEM E O CAOS
Durante milênios a Humanidade olhava para as estrelas e tirava delas
mais uma certeza da existência de Deus, pois só um ser superior teria
criado tanta ordem e tanta harmonia. Com a invenção do telescópio dos
tempos de Galileu e, agora, dessa fantástica parafernália eletrônica,
chegamos à conclusão de que o Universo é o caos, com galáxias colidindo,
estrelas virando poeira, buracos negros engolindo a luz e sóis
explodindo para se apagar em seguida. Qualquer dia aparecerá um
astrônomo para perguntar: “E Deus, como é que fica?”
Fonte: Tribuna da Internet
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