A data de 21 de abril tem uma grande importância à história da Nação;
nela se presta homenagem a Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes,
revolucionário de 1789 e que foi enforcado pela repressão portuguesa, no
reinado de D. Maria I, a “Rainha Louca”. Para muitos historiadores, o
caso de Tiradentes é relevante por ele ter participado de uma
conspiração, junto com figuras proeminentes da vida econômica e cultural
da sociedade mineira e que pretendiam realizar a independência do país,
ou melhor, de Minas Gerais e capitanias vizinhas.
Por: João Carlos J. Martinelli
A razão mais forte do movimento era a constatação da
decadência em que se encontravam as finanças públicas e a política
fiscal extorsiva do Governo português, ameaçadora de devassas e
arbítrios para o recebimento de tributos. Os conspiradores tinham
inúmeros planos: pretendiam criar um exército brasileiro, montarem
indústrias e fundarem uma universidade. Fizeram até uma bandeira, com os
dizeres, “LIBERDADE, AINDA QUE TARDIA”.
Com a delação do grupo por um de seus integrantes, Joaquim
Silvério dos Reis, os bravos patriotas – poetas, magistrados,
sacerdotes, advogados, militares – foram tidos como subversivos e
condenados por tentarem livrar o Brasil do jugo português. Sofreram
sérias sanções, como as deportações de José Álvares Manuel para Angola e
Tomaz Antonio Gonzaga para Moçambique, constituindo-se na pior punição,
no entanto, a que recaiu sobre Tiradentes: foi enforcado e seu corpo
esquartejado.
Apesar dos atos inibitórios e repressivos dos portugueses,
as idéias libertárias prosperaram, ganharam novos adeptos e se
estenderam por quase todo o território nacional, até que em 1822 foi
proclamada a independência do país.
O mártir da Inconfidência queria não somente libertar o
País do domínio colonial, como alinhá-lo com as nações desenvolvidas do
seu tempo. Tiradentes será sempre o profeta daquele Brasil com que
sonham todos os brasileiros, não apenas uma nação livre e soberana, como
uma sociedade capaz de construir-se a si mesma a partir de suas
próprias forças.
Aproveitemos a data para uma reflexão: o Brasil necessita
procurar a sua identidade, cultuar os seus heróis como Tiradentes e
banir os inúmeros traidores que impedem o seu progresso, por interesses
pessoais ou de grupos que ainda não admitem uma vida digna para todos e
lutam contra o pleno Estado de Direito, tão almejado à consolidação da
verdadeira democracia. Está mais do que na hora de separarmos o joio do
trigo (ou os traidores dos heróis).
Blog luso-brasileiro: “PAZ”
Por: João Carlos José Martinelli é advogado, jornalista, escritor e professor universitário.
0 Comentários