Escola de boa qualidade

Resultado de imagem para escola de boa fotos“À medida que formos mais livres, que abrangermos em nosso coração e em nossa inteligência mais coisas, que ganharmos critérios mais finos de compreensão, nessa medida nos sentiremos maiores e mais felizes.” (Anísio Teixeira)
Sempre é urgente e necessário perguntar o que é uma boa escola, uma escola com qualidade social. Responder o que é uma boa escola nos desafia a pensar as escolas que fazemos, cotidianamente, para torná-las cada dia melhores. Da mesma forma, o ser humano precisa responder o que é uma vida boa. Vida e escola se entrecruzam, cumprindo finalidades distintas e complementares na vida das pessoas.
Escola sempre é passagem, certo tempo onde nela convivemos, brincamos, aprendemos e nos desafiamos à construção do nosso próprio conhecimento. Para muitos, estranhamente, o término do tempo de escola coincide com cessar compromissos.
Vida e conhecimento são desafios permanentes; nunca prontos. Para outros, grande frustração quando o tempo de escola acaba. Para estes, a escola foi mais que um tempo, foi uma grande experiência. Vida, por sua vez, é permanência, é tempo de aprendizagem e acúmulo de experiências e de conhecimento. Na vida também se faz escola que denominamos “escola da vida”.
Paulo Freire concebeu escola como “lugar onde se faz amigos, onde não se trata só de prédios, salas, quartos, programas, horários, conceitos”. Para ele, escola é gente que estuda, que trabalha, que se alegra, que se conhece e que se estima, onde todos são gente. No seu ideal de escola, “nada de ser como um tijolo que forma a parede indiferente, frio, só”. Nela há espaços para criar laços de amizade e ambiente de camaradagem. Conclui dizendo que nesta escola, vai ser fácil se amarrar, estudar, crescer, fazer amigos, educar-se, ser feliz.
Freire priorizou a relação entre os sujeitos o aspecto mais relevante para os processos de ensino-aprendizagem, concluindo que “ninguém educa ninguém. Ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo”.
Rubem Alves, escritor das metáforas, distingue escolas que são gaiolas e escolas que são asas. Insiste na ideia de que não deveríamos nos preocupar em formatar ninguém na escola, mas oportunizar a cada criança, adolescente, jovem ou adulto as suas possibilidades de ser melhor, a partir do conhecimento de si mesmo, dos outros, da natureza e do mundo. “Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do voo. Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em voo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o voo, isso elas não podem fazer, porque o voo já nasce dentro dos pássaros. O voo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado”.
Acredito e luto para que nossas escolas sejam espaços de humanização. Humanizar-se é tornar-se melhor ser humano, a partir do conhecimento. As escolas deveriam cuidar, substancialmente, de duas dimensões inerentes ao ser humano e à própria escola: a integração e socialização das pessoas e a construção de conhecimentos. Se estas dimensões não estiverem bem organizadas nas escolas, elas esvaziam seu sentido e perdem sua importância.
A escola nunca deveria se distanciar da vida concreta das pessoas, pois esta deve e pode ser aperfeiçoada através do conhecimento. Acredito que as finalidades da escola deveriam sempre convergir. Anísio Teixeira, no ano de 1934, ao discutir as finalidades da vida e da educação inicia dizendo que “a única finalidade da vida é mais vida. Se me perguntarem o que é essa vida, eu lhes direi que é mais liberdade e mais felicidade. São vagos os termos, mas, nem por isso eles deixam de ter sentido para cada um de nós”. Conclui dizendo: “a finalidade da educação se confunde com a finalidade da vida”.
*Nei Alberto Pies é professor, escritor e ativista de direitos humanos.

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