Artistas das ruas

Resultado de imagem para artista de rua fotosDe: Marisa Bueloni 
A cidade toda já viu e certamente assiste com simpatia aos artistas de rua que invadiram os cruzamentos de determinadas vias de trânsito, sobretudo onde os faróis são mais demorados, permitindo que se exibam como verdadeiros astros circenses.
São moços muito simpáticos, alguns falando uma língua que parece ser um castelhano. No cruzamento da Avenida Dr. Paulo de Moraes com a Rua Benjamim Constant, um destes artistas coloca até mesmo uma corda entre um poste e outro, fechando a passagem. E ali, o talentoso equilibrista faz o seu show de graça em plena luz do dia.
Como negar um trocado a quem está tentando driblar a crise que nos assolou de norte a sul? Ah, se não dá para escapar da corda bamba da vida, se não é mais possível equilibrar-se nas despesas e nas contas, se há filhos para criar e se todos têm direito a um sagrado prato de comida, o jeito é ir à luta.
Sim, os equilibristas e malabaristas estão entre nós e os nossos veículos, em alguns pontos da cidade. Não olhemos para eles com desdém, reprovação ou ira. Oferece um dinheirinho quem quer e quem pode. Ninguém é obrigado a dar nada. Eles não estão atrapalhando o trânsito, uma vez que se apresentam exatamente no tempo em que o farol está fechado. Sabem perfeitamente a hora de parar o show e ir de carro em carro, estendendo o chapéu coco.
Contudo, dia destes, vi um moço bem jovem fazendo malabarismo com fogo, igual ao número visto nas arenas de circos. O rapaz se apresentava num cruzamento onde há um posto de combustíveis. Havia certa distância dos malabares com fogo até as bombas, mas o risco era evidente. Fiquei esperando o semáforo abrir e assisti ao belo show. Mas, se uma daquelas peças voasse da mão do moço e fosse em direção ao posto, esta não seria uma situação segura.
Então, é bom prevenir, tomar cuidado e evitar este tipo de exibição pirotécnica perto de postos de combustível. Não sabemos que tipo de licença ou de alvará é concedido a estes artistas para atuarem pelas ruas da cidade, se estão preparados para esse gênero de atividade que sempre envolve algum tipo de perigo. De minha parte, fico filosofando e sofismando dentro do meu abençoado carrinho quando os vejo fazendo os seus números nos cruzamentos.
Que tipo de situação os levou a amarrar a corda de um poste a outro, para equilibrar-se e desnudar-se assim, estou precisando ganhar a vida, senhores, e aqui estou fazendo o que sei fazer. Se gostar do meu espetáculo e me der uma nota ou uma moeda, ficarei grato.
Ao moço que fazia malabarismo com fogo, cumprimentei e dei-lhe os parabéns. Ele não deixou nenhuma peça cair, teve um desempenho artístico perfeito e depois foi de carro em carro, agradecendo com um sorriso, recebesse ou não a gratificação esperada.
Talvez nos ajude a refletir. Como nos comportamos nos cruzamentos da vida, diante de uma dura decisão? E o malabarismo para sobreviver? Depois da nossa luta, do nosso show particular, dando conta de todos os compromissos, qual a recompensa pela estafa nossa de cada dia?
Que Deus nos pague!
*Marisa Bueloni mora em Piracicaba, SP. Formada em Pedagogia e Orientação Educacional. É membro da Academia Piracicabana de Letras – marisabueloni@ig.com.br

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