Vi ontem no
“Fantástico” uma cena que poderia ser apenas “um encontro de amigos de 30
anos”, num final de tarde de domingo, como o próprio texto narrou, se os três
amigos não fossem quem são - Michel Temer, presidente da República; Moreira Franco, um
de seus ministros mais íntimos e o ministro do STF, Gilmar Mendes - e o momento
não fosse um dos mais delicados da vida nacional, três dias depois da morte do
ministro relator da Lava Jato Teori Zavascki, que estava para homologar
delações de diretores da Odebrecht que envolvem Temer e Moreira Franco, este
sob o apelido “Angorá” em denúncias de corrupção.
Foram filmados na varanda do Palácio do Jaburu, em trajes
esportivos, aparentemente alheios à crise que tomou conta do país depois que o
avião em que Teori viajava caiu no mar, suscitando suspeitas em grande parcela
da população, desconfiada de que houve um atentado, apesar das evidências
apontarem em outra direção.
Temer e Gilmar são reincidentes. Em viagem recente ao
velório do ex-primeiro ministro de Portugal, Mário Soares, o presidente da
República deu “carona” no avião presidencial ao ministro do STF que é também
presidente do TSE, onde corre o processo de cassação da chapa Dilma-Temer.
Agora o caso é ainda mais grave. Discute-se quem irá
herdar a relatoria da Lava Jato. Já se chegou ao consenso de que a presidente
do STF Carmen Lúcia deverá redistribui-la entre os colegas atuais por sorteio.
Mendes, portanto, pode ser o escolhido.
Os três
amigos não deram a menor importância ao dispositivo da constituição que
determina a separação dos Três Poderes e afrontaram a opinião pública com a sua
falta de pudor.
Não dá para Temer nem Gilmar afirmarem, dessa vez, que
estavam apenas jogando conversa fora. (Brasil247)
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