Petróleo de esgoto

Resultado de imagem para petroleo de esgoto fotosCientistas descobrem como produzir petróleo com esgoto

Tecnologia aprimorada consegue gerar bicombustível a partir de qualquer matéria-prima úmida.
Com uma pressão extremamente elevada e uma temperatura de mais de 350°C, em 45 minutos cientistas conseguiram transformar esgoto em um biocombustível com características semelhantes às do petróleo.
Feito pelo Laboratório Nacional Pacific Northwest (PNNL, na sigla em inglês), associado ao Departamento de Energia dos Estados Unidos, o estudo com os resíduos que seguem vaso sanitário abaixo usa uma tecnologia chamada de liquefação hidrotérmica (HTL, na sigla em inglês). O processo, que imita as condições geológicas de alta pressão e temperatura que a Terra usa para criar naturalmente o petróleo bruto, conseguiu em minutos algo que a natureza leva milhões de anos.
De acordo com o engenheiro do laboratório Justin Billing, a tecnologia pode trabalhar com qualquer tipo de resíduo orgânico úmido, seja esgoto, algas ou estrume animal. A principal inovação é que nos processos usados até agora essas eram consideradas fontes pobres para a produção de combustível biológico, porque necessitaria secá-los antes do processamento. Mas, com essa tecnologia aprimorada por eles, tudo o que é preciso é pressão e calor.
Sustentável. O resultado conquistado recebeu elogios da pesquisadora Vânya Pasa, do Laboratório de Ensaios de Combustíveis (LEC) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). “É uma tecnologia interessante do ponto de vista da sustentabilidade, pois vai evitar o custo do tratamento do esgoto, que é alto e problemático, e ainda gerar combustível”, diz.
Como a técnica envolve o uso de água na mistura da reação e dissolve os componentes inorgânicos, isso produz um combustível mais “limpo” e sem cinzas. Segundo Pasa, é mais ou menos como usar uma enorme panela de pressão, cuja força é de cerca de três atmosferas, e a técnica envolve uma força de 200 atmosferas. “Bombeando com alta pressão e temperatura, o processo consegue fazer a liquefação em alguns minutos. Depois, o material se vai rearranjando e forma hidrocarbonetos, que são moléculas de carbono e hidrogênio, parecidas com as do petróleo”, afirma.
Em uma escala menor e usando gorduras residuais de frituras e óleos, como de soja, de macaúba, de pequi e de coco, uma pesquisa parecida vem sendo desenvolvida por Pasa há cerca de quatro anos na UFMG.
O reator da UFMG que hoje transforma óleos em biodiesel também poderia ser usado para um trabalho como o norte-americano, diz a cientista. “Não processamos o esgoto, mas estamos trabalhando com óleos vegetais, em que as pressões são mais baixas. Agora estamos finalizando a parte de laboratório para fazermos testes em uma escala piloto maior”, conta.
Pasa explica que essa tecnologia usada nos EUA é mais cara e, para ter viabilidade, deveria ser usada em cidades maiores, metrópoles. Por outro lado, o Brasil ainda é um país com outras alternativas e muita biomassa disponível.
“Temos muita terra para plantar, óleos para fazer biocombustíveis, resíduos agrícolas para fazer gaseificação, uma siderurgia de carvão vegetal, cujos voláteis podem ser recuperados para obter bio-óleo. É uma realidade diferenciada em relação a outros países da Europa”, afirma a pesquisadora.
A Genifuel Corporação adquiriu a licença da tecnologia para colocar o “petróleo” em uso. A Metro Vancouver está trabalhando em uma fábrica para processar resíduos da indústria de laticínios.
Fonte: Jornal O TEMPO

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