Às vezes, penso que somos estrangeiros em nosso próprio país. Às vezes, penso que somos invisíveis aos olhos daqueles que não querem enxergar que o país está se esfacelando. Precisamos urgentemente atinar para uma coisa: se não nos mexermos, não vamos saber qual força está nos impedindo de seguir adiante.
Vejo se esfarelar, nas sombras das noites de Brasília, o sonho de um povo sofrido, bravo e esquecido, que só é lembrado na hora de depositar numa urna toda sua esperança, e depois ver aquele mesmo retrato – que antes estampava num panfleto um sorriso escancarado “com a boca cheia de dentes” – comercializar, em benefício próprio, o dinheiro dos nossos impostos, do nosso trabalho, do nosso suor.
A camelotagem saiu das ruas, e agora obstrui as veias do coração do Brasil. Aquele jovem cara-pintada de ontem mancha hoje a flâmula do país. Virou um deles. “E agora, José?” A carne acabou, o feijão subiu, seu candidato sumiu, e ainda lhe roubou. “E agora, José?” Não bate mais panela, fechou a janela, pra não ver nas ruas a fratura exposta de um sistema falido, sangrando e minando do esgoto apodrecido da política de nossa nação, esperando que peguemos nossa bandeira e façamos dela uma atadura para estancar a sangria.
Acorda, minha gente. A corda já está no pescoço, mas ainda há tempo de desatar o nó.
Vamos acordar gente. O dia já raiou.
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