As ruas permanecem silenciosas

Resultado de imagem para frase fora temer fotosPor que as ruas ficaram silenciosas?

Por: César Maia
As semanas que envolveram as delações da JBS até o arquivamento pela Câmara de Deputados da denúncia contra o Presidente Temer mostraram uma quase completa ausência de protestos nas ruas, apesar da intensa cobertura dos meios de comunicação com os vídeos gravados com o delator, mala de dinheiro circulando, declarações dos chamados formadores de opinião e do multiplicador das redes sociais.
Por quê? Se a mídia tentava explicar a votação na Câmara de Deputados em função das abordagens pelo Executivo aos deputados, isto nada tem a ver com as ruas vazias e silenciosas durante este processo.
As mobilizações populares têm características que se repetem. A dialética das mobilizações observa um polo sobre o qual são direcionados os protestos. E outro polo são as alternativas. Se há que eliminar um polo, simultaneamente, a mobilização deve se dirigir a impulsionar o outro. O polo alternativo é automático. Essa é sempre a marca das revoluções.
O “Fora Collor” tinha os dois polos. O “Fora Dilma” tinha os dois polos. O “Fora Temer” tinha apenas um polo, até porque a alternativa de “Diretas Já”, proposta, por ser inexequível, era apenas um slogan de auto-agitação.
A crise econômica em curva de aprofundamento acompanhou o “Fora Collor” e o “Fora Dilma”. Mas a crise econômica com Temer, em processo de superação, e não de aprofundamento, não excitava a mobilização.
A intensa cobertura dos meios de comunicação -em especial da TV- só apontava para um polo. Até porque defendia as ações que o outro polo implementava.
As pequenas mobilizações pontuais que ocorreram eram lideradas pelo polo que havia sido desintegrado no impeachment de Dilma. Com isso, em vez de ser um polo de atração, era um polo de exclusão.
Por isso tudo, é natural que o impacto da cobertura dos meios de comunicação do caso Temer fosse mitigado pela ausência de alternativa e pelos efeito de exclusão -de força centrífuga- daqueles que agitavam suas bandeiras e palavras de ordem em algumas esquinas.
*César Epitácio Maia nasceu em 18 de junho de 1945, é economista e professor universitário, foi exilado político e é um dos políticos brasileiros mais atuantes no momento, tendo ocupado diversos cargos públicos, dentre eles o de Prefeito da Cidade do Rio de Janeiro.

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