Economista português prevê futuro grave para os jovens do Brasil: Pobreza, miséria e trabalho precário

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Por Ligia Guimarães

No momento em que deveria aproveitar suas últimas décadas de população predominantemente jovem e preparar-se para os desafios tecnológicos e sociais do século XXI, o Brasil está exterminando sua juventude em uma velocidade assustadora – negros, em especial, são as principais vítimas. Para os jovens brasileiros, é cada vez maior o risco de que o futuro esteja fadado a um quadro irreversível de “limbo”: trabalho informal, pobreza e sem repertório para mudar a realidade. O alerta é do economista Ricardo Henriques, superintendente executivo do Instituto Unibanco. “Nós já perdemos o bônus demográfico, temos um padrão de desigualdade gigantesco, o mundo está avançando em velocidade muito alta. A projeção para a juventude em 2030, 2050 pode ser uma posição de limbo”, prevê.

Formado em economia pela Universidade Federal Fluminense (UFF), onde também lecionou, Henriques tem vasta experiência na gestão pública: ex-pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), coordenou a criação do programa Bolsa Família, em 2003, como secretário Executivo do Ministério de Assistência e Promoção Social, e desenvolveu o programa UPP Social, em 2010, como secretário no Rio de Janeiro. “O fato mais importante hoje, do ponto de vista econômico, é você estar fechando o horizonte de empregabilidade da juventude”, afirma o economista, que critica a ausência de políticas para os jovens, além do fato de que o país não se preparou para protegê-los dos efeitos da recessão.

Henriques diz que a saída para os problemas do país passa por elevar o status da política social, reconhecendo-a tão importante quanto a política econômica. “Inclusive a elite econômica, a elite do poder, não reconhece o valor da educação. É a visão da política social como acessória”.
Português nacionalizado brasileiro, ele diz que o Brasil naturalizou a relação com a desigualdade social – desenhada na história do país desde os tempos da escravidão – e por isso reage muito pouco mesmo diante de claros sintomas de “doença civilizatória”, diz Henriques, como o assassinato massivo de negros e gays. Entre 2005 e 2015, o Brasil teve 318 mil jovens assassinados e em cada 100, 71 são negros, segundo dados do Atlas da Violência. “A sociedade brasileira está se recusando a ver que está fazendo um movimento absolutamente enlouquecido”, diz. “Parece inevitável que, em um momento de crise, os pobres vão sofrer”, afirma. “Deveríamos dar atenção dobrada aos grupos mais vulneráveis.
Entrevista completa no Valor Econômico

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