Por: Júlio Verdi
Estamos
vivenciando um momento político e social nunca experimentado na história
brasileira. A condenação de membros da administração do governo e pessoas a ela
ligada por corrupção sempre foi um sonho de cidadania do povo brasileiro.
Dentre tantos e tantos escândalos financeiros que assolaram os principais
veículos de imprensa da nação nos últimos 20 anos, o Mensalão entrou para a
história com o primeiro – esperamos que não o único – que condenou vários dos
envolvidos a penas privativas de liberdade.
O que
esse fato pode mudar no comportamento das pessoas públicas, desde um simples
funcionário de um pequeno tribunal, até um senador que tem relacionamento com
muitos empresários? E a fé e crença popular na Justiça e nas boas intenções
daqueles em que se depositam os votos?
A
figura do presidente do STF juiz Joaquim Barbosa se transformou
numa espécie de herói nacional, aquele que teve a ousadia de enfrentar, com
clareza de intenções, a força política do PT, em defesa de muitos de seus filiados
envolvidos neste escândalo. Com o poder das redes sociais da internet hoje, é
fácil imaginar o nível de aceitação, quase de idolatria, que Barbosa carrega
junto à população. Não sabemos ao certo se essas condenações irão inibir atos e
crimes contra o dinheiro público, mas é certo de que tenhamos testemunhado um
ato de punição correta e justa contra aqueles que recebiam gordos salários e
benefícios para trabalhar pelo povo e para o povo.
Talvez
os casos de corrupção ativa e passiva tornam-se, a partir de agora, bem mais
meticulosos, planejados e imune a rastros. Na era da tecnologia e da
informação, onde imagens e áudios são captados com muita facilidade, a
comunicação entre as pessoas é um elemento de fácil divulgação.
Recentemente
Marcos Valério, condenado a 40 anos de prisão, resolveu dar novo depoimento
acusando o ex-presidente Lula de participação e anuências nos crimes. Talvez
trata-se de uma manobra para reduzir sua pena, ou apenas uma vingança ou como
abalroa o dito popular, “agora que a casa caiu, é tempo de
jogar fezes no ventilador”. O próprio advogado de Valério, quando
questionado por um repórter se era verdade que ele recebeu do PT o valor de R$
4 milhões para defender seu cliente, ele descaradamente falou: “Não
posso dar informações sobre esse assunto”. Ora, se a pessoa não
recebeu nada indevido basta dizer que NÃO. Isso soa quase como uma confissão.
E
para nós, pessoas comuns da sociedade? Devemos encarar isso como a grande
mudança no quesito honestidade e transparência das atitudes de nossos
governantes? Como já falei antes neste espaço, acredito que vai levar muito
tempo ainda para que tenhamos uma fé integral, ou pelo menos forte, na justiça
e nas boas intenções do governo. Ainda dá a sensação de que esses
acontecimentos podem ser únicos e isolados de nossa história política. A
constância de investigações, punições e informações é o alimento que pode
fortalecer tal fé. Além disso, a certeza de que nossa nação está nas mãos de
gente do bem, que queira vê-la crescer e desenvolver-se, só virá com o fim das
regalias que nossos deputados-senadores empresários têm. Não precisamos de um
presidente como o do Uruguai , que circula com um Fusca, mas não podemos
aceitar que tais funcionários públicos tenham direito a auxílio-moradia,
auxílio-vestuário, auxílio-transporte, 14º e 15º salários extinto por lei recentemente pelos parlamentares menos mau, contratação
injustificável de dezenas de assessores, etc , etc e etc.
Por:
Julio Verdi é
blogueiro e escritor underground, como ele mesmo se descreve. Blog http://www.julio-verdi.blogspot.com.br
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