Muito se utiliza os termos direita e esquerda na política para
mostrar o antagonismo de posições políticas. Mas afinal o que significa
ser de direita ou de esquerda? Somente por estes termos é possível ter
noção do cenário político e a partir daí sair por aí se definindo como
pertencer a este ou aquele grupo? Por: Jhonnatha Fernandes
Historicamente os termos direita e esquerda foram utilizados sem
nenhum objetivo ideológico, os termos foram usados apenas e simplesmente
para designar a posição que os grupos ocupavam durante a Assembleia
Nacional durante a Revolução Francesa de 1789. Nesta Assembleia, os
simpatizantes do Rei formaram partidos e se sentaram à direita do
presidente e os adeptos as ideias revolucionárias se sentaram à esquerda
do presidente. Foi a partir de então que os termos começaram a receber
uma conotação usada para separar os dois grupos, sendo os da “direita”
defensores de posições conservadoras enquanto os da “esquerda” defendem
posições revolucionárias.
Ao passar dos tempos e com as transformações proporcionadas após a
Revolução Francesa e com os avanços tecnológicos da revolução Industrial
na Inglaterra e com a união dos ideais iluministas com o liberalismo
econômico temos as mudanças que transformaram o mundo a partir do século
XIX. Quanto ao Iluminismo, vale lembrar que Rousseau se distinguia dos
demais iluministas por acreditar que a propriedade privada corrompia o
homem. Neste período então surgem os movimentos comunistas e socialistas
a que pretendem a partir de revoluções proletárias tomar o poder e
instaurar uma nova ordem social. Neste momento vemos algo muito
interessante, enquanto na Revolução Francesa os da “esquerda” eram os
defensores dos princípios iluministas e da economia liberal e em sua
imensa maioria burgueses agora passam a ser identificados como de
“direita” e os novos revolucionários comunistas e socialistas se tornam
os novos representantes da “esquerda”.
Até a década de 1930 a divisão entre os opostos no campo político e
econômico se dava basicamente entre os adeptos do liberalismo clássico e
dos ideais socialistas e comunistas. Aqui vale um adendo, a crítica dos
socialistas e comunistas se dão basicamente no campo cultural e social
mas sempre atacando como culpa o modelo econômico. Neste sentido
basicamente quem defendia o livre mercado, um estado pequeno e o valor
individual do indivíduo passou a ser visto política e economicamente
como sendo de direita. Enquanto os que defendiam um estado forte e
grande que regula os modos de produção e a distribuição, além de regular
o consumo e priorizar o coletivo em detrimento aos valores individuais
eram vistos como de esquerda. Não trataremos aqui neste texto das
questões que fujam ao espectro político e econômico.
Após o crash da bolsa em 1929, em que há um grande debate a respeito dos motivos que levaram a este crash, e o plano New Deal ,
surgiu uma nova teoria econômica frente aos acontecimentos recentes.
John Maynard Keynes, mais conhecido apenas por Keynes, apresentou um
novo modelo econômico. Algo como um semi-intervisionismo do estado na
economia e que deu origem ao welfare state, ou estado de bem estar
social, onde Keynes se utilizando das teorias liberais e socialistas
desenvolveu sua tese onde cabe ao estado as políticas sociais e a
garantia dos direitos trabalhistas. A partir de então muito se teorizou
em como classificar este modelo, já que ele impede a regulação “natural”
do mercado como defende a escola clássica liberal mas também não é um
estado totalitário que controla toda a economia e que impede a livre
concorrência como queriam os socialistas e comunistas.
Neste sentido muito se discute em como classificar esta nova posição,
havendo variações do tipo centro, centro direita e centro esquerda, não
havendo consenso entre os analistas políticos e econômicos quanto a
melhor forma de classificar este modelo.
Por fim, vemos que as diferenças entre direita e esquerda no campo
político e econômico não são tão difíceis de se perceber. Ultimamente,
principalmente após a década de 1950 com a pós-modernidade e a
subjetividade ficou cada vez mais difícil esta percepção devido a
própria subjetividade e o desconhecimento das pessoas acerca do que
estes termos representam.
A questão é claro, não se define apenas nos campos político e
econômico que foram tratados neste texto, na verdade estas são as formas
mais práticas de se ver e perceber as diferenças entre a “direita” e a
“esquerda”, quem deseja ter uma noção maior é essencial estudar a
questão no campo filosófico, pois é exatamente pela filosofia que se
percebe de onde surgem estas posições, que nada mais são que resultados
de formas diferentes de enxergar o mundo, a realidade e as relações
humanas.
A princípio, como ponta de um imenso iceberg filosófico, é preciso
saber que a “direita” é comumente marcada por defender a propriedade
privada, um estado mínimo que respeite as liberdades individuais de seus
cidadãos, o livre mercado e a livre concorrência. Em contra partida a
“esquerda” é reconhecida por defender uma sociedade comum a todos, ou
seja, onde o estado seria o responsável por suprir as necessidades dos
indivíduos, defendem assim um estado forte e regulador, são contra a
propriedade privada e não reconhecem a capacidade de regulamentação do
mercado pela concorrência.
Artigo publicado originalmente no site parceiro Moral Política
Por: Jhonnatha Fernandes é blogueiro e mora na cidade de Cabo Frio, no Rio de Janeiro.
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