Por que o Brasil, com riquezas incontáveis e
um povo excepcional, afável, criativo e trabalhador, não consegue se
tornar um país desenvolvido
Por: Pedro Valls Feu Rosa
Dia desses li que nos últimos anos a China acumulou US$ 2 trilhões em
reservas estrangeiras. Gastou, apenas em 2008, US$ 52 bilhões em
investimentos no exterior e separou US$ 265 bilhões para projetos de
infraestrutura nos anos de 2009 e 2010 – isso corresponde
aproximadamente ao PIB da Argentina.
O governo chinês anunciou que, até 2012, construirá 29 mil novos
hospitais e postos de saúde – somente para fins de comparação, o Brasil
possui menos de três mil hospitais públicos municipais, estaduais ou
federais.
A China consome a cada ano 450 milhões de toneladas de aço, contra
apenas 24 milhões do Brasil. É também a maior consumidora mundial de
cobre, zinco e alumínio.
Alguém poderia dizer que comparar a China com o Brasil é covardia. E é
mesmo. Com a China, um país bem mais pobre que o nosso. Para ficar no
básico, a maior parte do território chinês é praticamente inabitável,
constituído de desertos inóspitos ou montanhas geladas. As riquezas
minerais daquele país nem de longe se igualam às nossas.
Há poucos dias li que o Japão, sozinho, já registrou incríveis
408.674 patentes. Só para fins de comparação, o Brasil tem apenas 24.074
patentes registradas. O mais triste, porém, para nosso povo
notoriamente tão criativo, é que destas 24.074 patentes apenas 3.803 são
realmente invenções de brasileiros – as outras 20.271 são criações de
empresas estrangeiras que também registraram aqui suas ideias para fins
comerciais.
Concordo que é injusto compararmos o Japão, a terceira maior economia
do planeta, com o Brasil. Injusto com o Japão, claro. Afinal, trata-se
de um país paupérrimo, desprovido das riquezas minerais mais básicas,
que depende de importar quase tudo para poder sobreviver.
Poderíamos comparar o Brasil, ainda, com a Suíça, o Reino Unido, a
Alemanha, a Suécia ou a Coreia do Sul, todos eles países com altíssimo
grau de desenvolvimento. Mas não, seria covardia – com estes países,
claro, já que o nosso tem mais riquezas naturais e minerais que todos
eles somados.
Diante desses números, cabe perguntar, parafraseando Castro Alves:
Brasil, ó Brasil, onde estás que não respondes? Em que mundo, em que
estrela tu te escondes?
A resposta não pode ser dada apenas pelo governo – este, sozinho,
pouco poderá fazer. A resposta a essa dura realidade há que vir de todos
os brasileiros; há que vir de um verdadeiro pacto nacional pelo
desenvolvimento – desde o povo mais humilde até as altas esferas do
mundo financeiro e empresarial brasileiro, passando pelas autoridades,
imprensa e igrejas.
Seria isso um sonho? Não, em absoluto. Foi, acima de tudo, o esforço
nacional concentrado e a mudança geral de atitude de largas parcelas da
população que realizaram o milagre de levantar das cinzas da destruição a
Alemanha, o Japão e a Coreia do Sul, e que estão elevando
espetacularmente a China.
Temos o hábito de buscar defeitos em países mais desenvolvidos – nos
alivia o pensamento de que “eles estão como nós”. Não estão. Suíços,
sul-coreanos, japoneses, alemães, suecos e tantos outros não convivem
com vias esburacadas, carência brutal de serviços de saúde, insegurança
que atinge níveis insuportáveis ou fome e miséria nos níveis daqui.
Sim, eles conseguiram chegar lá. Por que não nós? Temos riquezas
incontáveis e um povo excepcional – afável, criativo e trabalhador.
Temos mais chances do que eles jamais tiveram! Levanta a cabeça, Brasil!
Por: Pedro Valls Feu Rosa
0 Comentários