Por: Carlos Newton
Demorou,
mas acabou acontecendo. Desde 2011 a grande imprensa tenta ocultar a
grave crise que atinge o mercado imobiliário. É compreensível. A
imprensa “falada, escrita e televisada” vive de anúncios, e o setor de
compra e venda de imóveis é um dos mais importantes em termos de
veiculação de publicidade. São luxuosos anúncios de duas páginas
inteiras, são sofisticados comerciais em horário nobre, estrelados por
artistas e personalidades famosas (com altos cachês). Mas o resultado
tem sido decepcionante.
O economista Luís Carlos Ewald, conhecido como Sr. Dinheiro, comentarista da Globonews e do Fantástico, afirmou recentemente, em entrevista exclusiva ao InfoMoney, que uma bolha imobiliária ia estourar no Brasil ainda no primeiro semestre de 2014. “Não se vende nada e tem muita oferta. Quem comprou, não consegue vender. Está desesperador”, assinalou.
Ewald acertou em cheio. E a bolha já estourou. Mas a situação é
diferente das crises imobiliárias nos Estados Unidos e no Japão. O baque
na economia não será tão expressivo, porque aqui não há o sistema de
hipotecas múltiplas (Subprime), que balançou os bancos americanos. O que
acontecerá é o esvaziamento progressivo da bolha, até atingir as
cotações reais.
CAINDO NA REAL
No Brasil, agora são as próprias empresas do ramo imobiliário que
reconhecem a existência da grave crise. O grupo Julio Bogoricin, um dos
mais tradicionais do Rio de Janeiro, com credibilidade adquirida ao
longo de 57 anos de atuação, com 24 lojas estrategicamente situadas nos
principais cidades do Estado e cerca de 1.500 profissionais de vendas,
enfim caiu na real e publicou sábado um chamativo anúncio em O Globo, no alto da página principal dos classificados, com o seguinte título: “Cansou de perder dinheiro com imóvel vazio? Está na hora de alugar.”.
Esta peça publicitária, criada pela Cleian Publicidade, agência do
próprio grupo Bogoricin, diz tudo e confirma as declarações do
economista Luís Carlos Ewald, professor da Universidade PUC, que
trabalha também na Globonews e no Fantástico, mas não pode tocar nesse delicado assunto em seus comentários, por motivos óbvios.
Aliás, o esforço da imprensa para reativar o mercado imobiliário
chega a ser comovente. Mas o fato concreto, aqui no Rio, pode ser
extraído do Caderno de Classificados de O Globo, aos domingos. São cerca de 20 páginas anunciando imóveis para vender, mas apenas quatro páginas destinadas a aluguel.
Traduzindo: a oferta para venda é massiva, mas não existe procura, o
que justifica plenamente o anúncio do grupo Bogoricin: se não consegue
vender, pelo menos tente alugar, porque assim economiza o condomínio e o
IPTU.
Fonte: Tribuna da Internet
Obs: Mossoró em alerta.
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