Com uso liberado fora do período eleitoral,
Facebook, Twitter, Instagram e outras redes movimentam bandeiras e público
cativo de candidatos
Diferente
do rádio e da TV, a internet é uma zona livre para políticos em busca de
projeção entre milhões de brasileiros, de uma forma barata e rápida, e com a
vantagem de receber retorno imediato das impressões do público. Em ano
eleitoral, centenas de políticos se dedicam a marcar território e criar páginas
em redes sociais, ávidos por fãs, seguidores, curtidas e compartilhamentos. “A
lógica do político é servir o eleitorado dele e até então não existia um canal
direto, com a possibilidade de escala tão grande de diálogo com esse eleitor, a
não ser um comício”, explica Pedro Waengertner, coordenador do núcleo de
estudos e negócios em marketing digital da ESPM.
A empolgação
do momento, entretanto, pode reservar armadilhas para os desavisados e
iniciantes no mundo virtual e transformar o que serviria em um trampolim para a
popularidade de um candidato em motivo de piada e de antipatia. Erros comuns
como posts longos demais, fotos inconvenientes, assuntos inapropriados, excesso
de formalidade ou o oposto, conhecido como “oversharing” na rede
(superexposição da vida íntima) podem destruir trabalhos de equipes inteiras de
consultoria de imagem.
Apesar de
não existir certo ou errado, é sempre bom quem está do outro lado da tela ter
cuidado antes de publicar qualquer coisa. “Além de saber quais são as
exigências da lei, importa o bom senso. Nas redes, o objetivo do político é
estabelecer uma relação próxima, quase pessoal com seus eleitores, de duas
mãos. A maioria dos políticos tem a mentalidade de falar para os eleitores e
não com os leitores”, diz Waengertner.
“Existem
boas e más práticas em redes sociais, independentemente de se tratar de contas
de candidatos a cargos políticos ou de marcas comerciais. É um conjunto longo
de convenções que foram se estabelecendo ao longo dos últimos anos e que
englobam desde aspectos de presença humanizada até o respeito ao DNA de cada
rede”, afirma Ana Bambrilla, especialista em mídias sociais.
Uma
unanimidade nas dicas de especialistas é usar o tom pessoal na administração
das contas, usando como medida a personalidade do político e o perfil do seu
eleitorado, se ele aceita ou não a troca de intimidades. “Muito antes de ser um
espaço de mídia, as redes são um desdobramento dos sites de relacionamento,
feito para e por indivíduos. Num segundo momento é que as marcas foram se
apoderar desses ambientes”, diz Ana, ao explicar que é importante o político
manter a autenticidade. Para evitar gafes, ela orienta manter um gerenciamento
misto das redes sociais, identificando sempre quando a postagem foi feita por
um assessor, evitando a rejeição de um tom artificial. “O teatro não se
sustenta porque é impossível recriar uma personalidade o tempo todo; vai chegar
a hora em que os eleitores irão notar que não é o próprio candidato que está
postando.”
Mesmo
usando pessoalmente, o dono da rede social deve evitar apenas reproduzir
conteúdos do seu órgão oficial, ainda mais considerando que tal órgão também
deve ter suas páginas oficiais.”Postar apenas matérias oficiais fica fake numa
rede que clama pela personificação do discurso. Releases já são veiculados
pelos sites dos partidos. Usar as redes apenas para repostá-los é um sub-uso
extremo e dispensável”, diz Ana.
“O
político que não tem conhecimento do assunto, vê pela ótica da audiência,
quantas curtidas ele tem, quantos seguidores. Com a experiência, ele começa a
se importar mais com o engajamento. O resultado não se mede pelo número de
pessoas que seguem, mas com o interesse que ele gera”, ensina Waengertner. No
mundo das redes, o envolvimento dos seguidores é medido pela importância da
interação. No Twitter, não basta ter seguidores, é preciso ter menções e
retwittes – que é quando outro usuário republica o twitte do candidato. No
Facebook, o número de amigos ou curtidas na página é importante, mas não tão
quanto uma curtida no post que, apesar de também ser importante, também mostra
um envolvimento menor do que um comentário, que, por sua vez, tem menor impacto
do que o compartilhamento do post.
Para
manter um público fiel, é preciso dedicação e não abandonar perfis. Para isso,
é bom escolher entre a infinidade de redes as que mais agradam e se encaixam no
perfil do político e seguir as suas convenções. Twitter, Facebook, Google Plus
e Youtube são as mais populares. Ações como chat coletivo e hang outs também
são estratégias válidas, se enquadrarem com o perfil do candidato. E
importante: é preciso ficar online também depois da vitória ou derrota.
Autenticidade
também é a dica oficial do Facebook aos políticos que compartilham o dia-a-dia
em suas páginas. A rede, que se orgulha de ter uma penetração de 80% dos
usuários da internet no Brasil, sugere que os perfis públicos usem suas
iniciais, por exemplo, para identificar quando o post foi feito pela própria
personalidade, e não por assessoria. Entre as dicas da rede social de Mark
Zuckerberg também está a busca por engajamento dos fãs, por meio da promoção de
chats, encontros virtuais e interação com fotos, vídeos e momentos dos
bastidores. No Facebook, há a possibilidade de comprar a divulgação de sua
conta, com anúncios segmentados para conquistar novas curtidas, ou até mesmo
comprar fãs. O que é oficial no Face, é feito por baixo dos panos no Twitter,
onde pode-se inflar o número de seguidores artificialmente. “Patrocinar (um
perfil) não tem problema, é só saber como usar. Mas usar má fé, comprar
seguidores, isso sim denigre a imagem, queima o político, precisa tomar cuidado
e ser coerente”, afirma Waengertner.
Lei
eleitoral e guerra suja
As redes
sociais podem dar uma mão extra para candidatos com grande base popular mas com
menos dinheiro que seus adversários. Ana lembra a projeção dada a Marina Silva,
então candidata pelo PV, e a Plínio de Arruda Sampaio (PSOL), por ações
criativas e espontâneas pensadas especificamente para os internautas que os
acompanhavam. “Neste ano, com mais gente conectada e consciente de que as redes
são um espaço de diálogo, de aproximação com o candidato, não aproveitar
adequadamente as possibilidades desses canais pode trazer prejuízos não só nas
urnas, mas à imagem da figura pública”, avalia.
Os
candidatos podem explorar as ferramentas virtuais com mais segurança após a
decisão da Justiça Eleitoral, em setembro do ano passado. Por maioria de votos,
os ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiram que manifestações
políticas feitas por meio do Twitter não serão passíveis de serem denunciadas
como propaganda eleitoral antecipada. E a minirreforma eleitoral, aprovada pelo
Congresso e sancionada em dezembro passado, libera manifestações partidárias o
ano inteiro.
Apesar de
liberar o uso, a nova lei também penaliza a chamada “guerra suja” na rede.
Agora é crime contratar “direta ou indiretamente um grupo de pessoas com a
finalidade específica de emitir mensagens ou comentários na internet para
ofender a honra ou denegrir a imagem de candidato, partido ou coligação”. A
pena para o candidato ou responsável pode variar de dois a quatro anos de
prisão, além de multa entre R$ 15 mil e R$ 50 mil. Para quem for contratado e
postar conteúdo apócrifo pode enfrentar de 6 meses a 1 ano de prisão e multa de
R$ 5 a R$ 30 mil.
As
eleições de 2014 serão as primeiras com as novas regras e, com o crescimento do
acesso à internet no Brasil, a atenção a coisas boas e ruins irá crescer. “A
gente ainda vai ver muitos perfis denegrindo, blogs sujos. Quem usa essas
práticas não éticas durante a campanha deveria refletir se vale à pena. Está
cada vez mais fácil identificar de onde vem isso, e o tiro pode sair pela
culatra”, diz Waengertner.
Conheça
as cinco dicas do Facebook para políticos
1. Seja
autêntico - Compartilhe
suas emoções e forneça análises pessoais em profundidade de eventos e assuntos
para permitir que seus fãs se identifiquem com você de forma significativa. Use
imagens ou assine suas publicações com suas iniciais quando quiser que os fãs
saibam que é você que está postando, não sua equipe.
2. Use
fotos e vídeos -
De forma geral, imagens e vídeos geram um bom engajamento no Facebook. Faça o
teste e publique mensagens com fotos, além de apenas atualizações de status.
Quando você atingir a sua meta, faça um vídeo agradecendo seus fãs.
3. Leve
seus fãs para os bastidores - A
maioria dos seus fãs não sabe o que realmente é ser um político por um dia.
Compartilhe fotos e descrições de quando está se preparando para discursar,
reuniões com pessoas interessantes ou no seu gabinete.
4. Seja
atual - Faça publicações acerca
de temas e questões sobre os quais as pessoas já estejam falando no Facebook.
Comemore feriados e outras datas importantes para seu Estado ou cidade.
5. Crie
um diálogo -
Dê aos seus fãs a oportunidade de fazer perguntas. É possível fazer uma sessão
de perguntas e respostas em sua página.
Fonte:IG
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