Por: Ricardo Barbieri
E eu que lutava para não ser maniqueísta, descubro que vivemos num país de gente que só vê como alternativa aos corruptos, um golpe militar. Como se a formação do soldado se desse num mosteiro.
Vivemos num país onde mudar de opinião é o mesmo que contradição. De gente que só vê como alternativa ao entreguista, o nacionalista.
Vivemos num país de gente que prefere recusar o convite para o debate, pois se julga superior a qualquer um que pense diferente. Gente que participa de redes sociais mas que não se sociabiliza com todos, só com gente que considera inteligente. Ser inteligente para muitos, é pensar igual.
Temos também, nesse país, gente (muita gente) que “não liga”; que prefere acreditar que samba, futebol e religião bastam.
Temos gente com fome, gente sem água, gente alta, baixa, preta, branca, azul. Temos gente que sabe ler e escrever, outros que não sabem; gente que procura ler, outros não; gente que manipula, outros que preferem ser conduzidos.
Vivemos em tamanha diversidade, que perdemos a referência para a desigualdade e levitamos para um plano superior, fora da realidade e consideramos isso genialidade.
Vulgarizamos o amor sem saber o que é amar e menosprezamos o valor da amizade em troca do favor. Credibilidade é menos importante do que crédito.
Vivemos num país onde honra é irrelevante e a sujeira do criminoso se lava em escola de samba, a fama se conquista num quarto de motel e o “religare” se faz com concessão de TV.
Por: Ricardo Barbieri é engenheiro, empresário, compositor e comentarista de Carnaval.
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