Mais de 130 anos depois de sua morte, o intelectual alemão Karl
Heinrich Marx continua a ser uma das personalidades mais importantes e
discutidas da humanidade. Fundador da doutrina comunista moderna, Marx
atuou como economista, filósofo, historiador, teórico político e
jornalista. Mas teve um lado que os historiadores que escrevem sobre ele
pouco exploraram. O texto abaixo está nas páginas 13 e 14 do ótimo
livro “Marxismo e Literatura”, autoria do professor inglês Terry Eagleton, editora Afrontamento, Porto, 1978.
Por: Antonio Rocha
“As obras de Karl Marx, ele próprio, na juventude, autor de
poesia lírica, de um fragmento de um drama em verso e de um romance
cômico incompleto muito influenciado por Laurence Sterne, são adornadas
com conceitos e alusões literárias; escreveu um volumoso manuscrito
inédito sobre arte e religião e planeava uma revista de crítica teatral,
um estudo completo sobre Balzac e um tratado de estética.
A arte e a literatura faziam parte do próprio ar que Marx respirava, como intelectual alemão fantasticamente culto dentro da grande tradição clássica da sua sociedade. Os seus conhecimentos de literatura, de Sófocles ao romance espanhol, de Lucrécio à ficção inglesa de cordel, eram de uma amplitude desconcertante; o círculo operário alemão que fundou em Bruxelas dedicava uma noite todas as semanas à discussão das artes, e o próprio Marx era um frequentador inveterado dos teatros, declamador de poesia, devorador de toda a espécie de arte literária, da prosa augustana às baladas industriais.
Numa carta à Engels, descreveu as suas próprias obras como
formando um “todo artístico” e era escrupulosamente sensível às questões
de estilo literário, a começar pelo seu; os seus primeiros trabalhos
jornalísticos defendiam a liberdade de expressão artística. Para além
disso, pode detectar-se o peso de conceitos estéticos por detrás de
algumas das categorias mais centrais do pensamento econômico que utiliza
na sua obra da maturidade.”
Fonte: Tribuna da Internet
www.debatesculturais.com.br
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