Duas
ou mais vezes por semana
fazia esse trajeto até a baixa de arroz do açude da Divisão que o nosso
pai
trabalhava enfim. Certa feita meu mano
velho de “guerra”, amanheceu com princípio de gripe, moleza no corpo, e
não pôde
ir a nossa caminhada que sempre fazíamos, mãe autorizou, fui eu sozinho a
magrela e Deus. Arrochei o pé digo o pneu na bendita estrada, porteira
entrei,
mundo sombrio só escutava o cantar dos pássaros, bateu um pouco de medo
menino
ainda, um calafrio veio e foi, passou, vamos embora, á frente quem é da
terra
lembra uma Cruz; nesse tempo não mais tinha nem a cruz de fato era um
monte de
pedras que subtendia que algo estranho tinha acontecido naquele lugar,
dizem que um desafeto matou o outro a facadas, lembrei da história que
meu Tio Jonas (nome fictício) contava, da alma que subia na garupa da
bicicleta dos homens de lá, aí que o medo foi grande! Quando passei em
frente
senti a coisa pesada, pensei lascou é o morto, a gora meu pai do céu.
Forcei os
pedais na subida não olhava para traz nada, com medo vá! Subi, subi na
subida
lá em cima, iniciou-se a descida da ladeira e a bicicleta ficou
maneira, graças a Deus o
morto desceu, e a bicicleta “desinbestou” pegou carreira, pegou uma
velocidade,
olha eu continuei pedalando forte e nem percebia, no meio da descida a
corrente
da Monark caiu da catraca e enganchou entre o cubo, foi quedão, fui o
barro,
bicicleta pro lado eu pra outro, fiquei todo arranhado, as pernas, os
braços, a
cara suja de barro solto, passei a mão na testa um galo enorme tinha
feito. Abrir
o bocão na hora, buá, buá buá... de repente avistei se aproximando o
senhor na carroça não
conhecia o sujeito mais ele parou e prestou socorro, levou de volta para
casa. Toc,toc,toc.
Mãe saiu fora pergunta “que houve menino” o homem “Dona Maria encontrei
esse garoto
depois da cruz caído no chão desse jeito todo arranhado, é seu filho” é,
disse
mãe. Não deixe esse menino ir sozinho para aquelas
bandas não senhora é muito perigoso, tá bem senhor vai mais não. Hora,
quando
ainda tava criando casquinha (feridas) fui de novo eu e clério que não
sou besta, pois perdi o
medo.
Quem souber diferente que conte outra.
Por: Iram Oliveira
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