Terminamos o jogo da bola de meia,
menino ainda mais desconfiava que a
minha estada ali estava próximo do fim, já
não tinha mais clima para tantas alegrias, expressões séria era o que se via.
Eu particularmente cá com os meus pensamentos fitava bem o corredor de Chico
cavalão lembrava bem de quanto teria corrida por aquilo lá, passando por
debaixo das árvores mais a frente
sentava na sombra das Algarobas, lembro que um dia ao levantar-se senti uma
fisgada forte no solado do pé num é que um espinho varou a chinela, puxei que o
sangue espirra mais doeu para danado e
sair coxeando num pé só em direção a Estrada, ao olhar para um lado e para o
outro perguntei a mim mesmo, pra onde vai toda essa terra batida? Há dias teria
tentado descobrir assim, peguei a bicicleta sem meus pais saber seguir em
frente pela BR-226 que era de terra e pedregulhos a “inocência” então seria um dos meus aliados, passei do
alto de Seu Luciano percebi uma longa central à vencer chegando no açude do
livramento, o cheiro de capim molhado quando o vento dava na minha direção me
fascinava, para não perder mais tempo segui sem olhar para onde estava indo, no
certo momento senti fadiga parei um pouco para descanso, o sol já castigava e a
sede já me maltratava assim coloquei a magrela no descanso e acabei sentado na
terra seca, nessa hora decidi por voltar nossa mãe deve está preocupada comigo.
Menino acorda o que pensas o caminhão já está de saída vamos esse garoto é meio
avoado, ora essa. Banho e roupinha de chita pai chama “vamo filho tá na hora”, e
me coloca no lastro do caminhão perto do meu mano amigo até hoje Clélio com a
intenção e cuidarmos um do outro presumi, “queria ir na boleia” não cabe mais está
lá está sua mãe e tua irmã. Pois bem, despedida só para os adultos as crianças
não tinham esse direito apenas acenamos para meus coleguinhas, começamos a tomar
distância, aquele lugar não mais me pertencia teríamos que buscar outros ares era
o que passava em mente da “trupe”. Tentei
olhar na frente mais não foi permitido pelos grandes, botava a cabeça de lado
meu pai gritava alto “sai menino você se machuca” e do outro também escutava o
berro “cuidado com a Jurema” árvore típica da região, me concentrei virava para
um lado, mato seco e cinzento do Semiárido era o que se passava para trás só poeira visão quase nenhuma, visual fúnebre árvores
mortas em outras bastante castigada pela falta de chuvas era o que se via pouco ou nada de diferente no
decorrer da viagem no largo de um caminhão que pulava feito “pipoca” em panela
de barro. Via a ponta da igrejinha de Campo Grande cidade que conhecia apenas
pelo nome essa não paramos. No sobe e desce e com muito sofrimento nessa
bendita viagem que foi os solavancos e
atropelo quebrou o pote da casa meu pai jogou os pedaços fora clac, clac, clac...
Que logo se perdeu de vista esse ai nunca mais, a fome! Já não aguentava mais aportamos em lugar
desconhecido por mim, comi uma goloseima não sei o que era eu e meu mano, matamos quem nos matava. Viagem
que segue não precisamos mais aclamar sempre no mesmo estilo, luzes ao longe
avistamos “estamos chegando no Mossoró grande” disse meu pai, percebi logo que a partir dali
nossa vida não seria mais a mesma, pelo o ambiente então, nem se fala um povo
mais alegre, de fala mais compassada um maior “entendimento” dos fatos etc. Algo
que marcou bastante na chegada era as músicas, e ficou na lembrança um dos grupos de maior sucesso na época era as
Frenéticas com as músicas tocadas diariamente no Rádio como 'Dancing Days', 'Perigosa', 'Feijão
Maravilha', ' Cantoras do Rádio', 'Perigosas Peruas', 'Você Escolheu Errado
Seu Super ... Não só seria por isso enfim, mais compreendemos que
sem sombra de dúvida uma sensação firme de sensor gratificante subia dos pés a
cabeça, aliviamos e sentimos no olhar de cada um de nós que definitivamente esse
vai ser o nosso lugar, a “nossa casa”, nosso
lar por longo período quem sabe até que a morte nos separe.
Por: Iram de Oliveira, Geógrafo
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