Criança de 8 anos desmaia de fome em sala de aula e professores relatam crise nas escolas

 Para os educadores, a fome prejudica os alunos, pois eles sofrem com a perda de motivação e apresentam episódios de agressividade

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Uma professora da rede municipal relatou que uma aluna, de 8 anos, desmaiou de fome na sala de aula. O caso ocorreu em uma escola localizada no complexo de favelas, na Zona Norte do Rio de Janeiro, mas não é uma circunstância isolada e professores da rede pública de todo o Brasil têm relatado episódios semelhantes. As informações são da BBC Brasil. 

Segundo a educadora, a aluna chegou atrasada na sala de aula, com um semblante abatido, porém, afirmou que estava bem. "Ela sentou e abaixou a cabeça na mesa. Eu estranhei e chamei ela à minha mesa. Ela veio e eu perguntei se ela estava bem. Ela fez com a cabeça que estava, mas com aquele olhinho de que não estava. Perguntei se ela tinha comido naquele dia, ela disse que não", disse a professora. 

Sensibilizada, ela decidiu pegar um biscoito ou fruta em sua bolsa, mas não deu tempo, a menina desmaiou na sala de aula. "Eu fiquei realmente sensibilizada por essa situação. Porque é isso: a fome. Uma fome que a criança não sabe expressar a urgência. E que envolve muitas vezes a vergonha. Para ela é algo humilhante, por isso ela não consegue expressar.”

Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no momento atual, o país já soma mais de 13, 7 milhões de desempregados e a inflação nos alimentos acumula mais de 13% em 12 meses, o que agrava a insegurança alimentar. Para os professores, a fome prejudica os alunos, pois eles sofrem com a perda de motivação e acabam apresentando episódios de agressividade. 

"Havia um conflito dentro da escola, um nervosismo muito grande de uma criança sem histórico de agressividade. Ela havia agredido uma colega, depois desafiou a professora e, por fim, acabou tentando agredir a direção. A escola nos chamou para conversar com essa criança e sua família, para saber se se tratava de uma reprodução de violência [quando uma criança agredida reproduz a violência que sofre]. Mas, conversando com essa criança, ela nos relata vontade de comer", conta um conselheiro tutelar que foi chamado para atender um caso em uma escola da Zona Oeste do Rio de Janeiro.

Da forma de podem, os professores das instituições se organizam para coletar alimentos e direcionar para as crianças e suas famílias. Mas, nesse cenário de pauperização, a solução do problema vai além do seu alcance.

Foto: ilustrativa

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