O jornalista Leandro Schmitz viu a sua vida virar do avesso logo após publicar reportagem na Folha Metropolitana no dia 28 de fevereiro, com denúncia sobre trabalho análogo à escravidão em uma unidade púbica da prefeitura de Joinville.
Cinco minutos após a publicação, Leandro foi demitido. Diante da grande repercussão negativa, a Folha Metropolitana afirmou em nota (veja na íntegra no final da matéria) que a demissão já estava programada e se deu pelo fato do jornal estar “passando por reestruturações de equipe para atender a produção jornalística com a nova realidade financeira e editorial desde que o jornal parou de ser impresso”.
Leandro, no entanto, faz questão de afirmar que “não gostaria de me manifestar muito, porque os fatos falam por si só. Eu digo sempre para todo mundo que me procura de que não quero prejudicar ninguém, apenas fazer o meu trabalho”.
O jornalista lembra ainda: “eu acatei uma denúncia do Sindicato, ouvi todos os envolvidos, fiz o que qualquer jornalista profissional faria. O veículo para quem eu trabalhava emitiu uma nota dizendo que minha saída se deu por motivos financeiros e ajustes internos.”
“Quanto a mim, em meio ao turbilhão de gente apoiando e perguntando sobre o assunto oferecendo ajuda jurídica, eu digo que os fatos falam por si só. Existe a versão do jornal e existe a minha demissão ter acontecido cinco minutos após a publicação da matéria”, prossegue.
Leandro destaca ainda que “o título da minha matéria, dando o nome de "Trabalho análogo à escravidão" se deu pela denúncia do Sinsej no MPT, que dava este nome, mas que no corpo da matéria explica os fatos. Ou seja, quem vai decidir se é trabalho análogo será o MPT, eu como jornalista, dei as duas versões para que o leitor tirasse suas conclusões”.
E encerra: “não quero parecer que estou me aproveitando da situação nem surfando na onda, sabe? Não faz meu estilo. Espero apenas poder trabalhar novamente. E que isso não aconteça com mais ninguém. É muito injusto.”
Servidor da prefeitura
A Folha Metropolitana usou ainda como justificativa para a demissão o fato de que “Leandro tinha pouca disponibilidade de tempo para a vaga, já que também é servidor público da prefeitura”.
Sobre isso, o jornalista ressalta que foi “contratado pelo jornal já ciente do meu horário dividido entre a nova função e meu trabalho na prefeitura”. E completa que, “além do mais, sempre entreguei resultado para o jornal, fui parceiro desde sempre”.
Leandro é funcionário de carreira da prefeitura e destaca que “uma coisa não tem nada a ver com a outra. Minha atividade de jornalista não interfere em nada minhas atividades na prefeitura. Ao menos não deveria”.
Ao final, o jornalista destaca que nunca quis prejudicar ninguém. “Essa repercussão toda não estava nos planos”, encerra.
Relembre o caso
A reportagem de Leandro Schmitz revelou que cerca de 13 trabalhadores foram fotografados e filmados na última segunda-feira (27), chegando em uma unidade de Bem-estar e Proteção Animal de Joinville.
Os trabalhadores também foram vistos no mesmo dia almoçando em locais reservados a cães e outros animais, em condições insalubres para pessoas fazerem refeições.
A denúncia foi liderada pelo Sindicato dos Servidores Públicos de Joinville (Sinsej).
Os trabalhadores que aparecem nas imagens são prestadores de serviço da empresa terceirizada pela prefeitura de Joinville, Celso Kudla Empreiteiro Eireli, responsável pela obra de reestruturação do local.
Revista Forum
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