A política do café com leite, que marcou a República Velha no Brasil, foi uma estratégia de conciliação entre as oligarquias paulista e mineira, que se revezavam no controle da Presidência da República. Contrariando a ideia de uma alternância puramente equitativa, a dinâmica desse arranjo político estava intrinsecamente ligada aos interesses econômicos das elites cafeicultoras de São Paulo e dos fazendeiros de leite de Minas Gerais.
No período compreendido entre 1889 e 1930, as oligarquias paulista e mineira exerceram uma influência significativa no cenário político brasileiro. O ciclo do café impulsionou a economia de São Paulo, enquanto Minas Gerais, com seu expressivo rebanho bovino, desempenhou um papel fundamental na produção leiteira. Essas duas atividades econômicas eram pilares do desenvolvimento do país nessa época.
Boris Fausto, em "História do Brasil", destaca o predomínio político dessas oligarquias e o sistema de alternância como uma forma de manter o equilíbrio de poder entre os estados. Steven Topik, em "A presença do estado na economia política do Brasil", ressalta a forte conexão entre o setor privado e o público na gestão desses interesses econômicos.
Victor Nunes Leal, em "Coronelismo: enxada e voto", analisa como as relações clientelistas e o poder dos coronéis locais contribuíram para a manutenção desse sistema. Por sua vez, José Miguel Arias Neto, em "Economia cafeeira, urbanização e industrialização", explora o impacto do ciclo do café na urbanização e industrialização do país.
A política do café com leite, apesar de ter contribuído para um período de estabilidade política, também foi marcada por práticas clientelistas, exclusão social e concentração de poder. O entendimento dessas nuances é crucial para uma análise mais aprofundada desse capítulo da história política e econômica brasileira.
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