8 de JANEIRO: Um depoimento bomba!

                    General Freire Gomes é esperado para depor à PF sobre suposta tentativa de  golpe | O TEMPO

O depoimento do general Freire Gomes à Polícia Federal caiu como uma bomba. Talvez tenha sido a mais esclarecedora até o momento. Muitas pontas soltas e confirmação dos relatos do tenente-coronel Cid foram esclarecidos sobre a tentativa de golpe no país e a real participação de Bolsonaro como mandante. O ex-presidente sobrevive até o momento, com dezenas de documentos, depoimentos, provas incontestáveis, vídeos mostrando cientificamente e definitivamente a sua culpa e está aí, livre e participando de manifestações incitando o povo. Apesar de estar com lama até o pescoço na tentativa de golpe e outras dezenas de crimes, não tem sobrevivido aos humoristas e sua verve certeira apontando a melancolia da história.

O depoimento é um tiro de canhão. Definitivo. Mas Bolsonaristas tentam emplacar a cortina de fumaça clássica de apontar deficiência no Ministério da Educação. Tem viralizado que um livro do escritor Jeferson Tenório, do premiado O beijo na parede, teve seu livro chamado O avesso da pele, distribuído para adoção nas escolas de  Ensino Médio do Brasil, com frases consideradas obscenas aos conservadores. Na minha juventude teve muita leitura de Jorge Amado, desde Gabriela Cravo e Canela até Capitães de Areia, que eram recheadas de alegorias e expressões de baixo calão. Registro popular do nosso povo. Retrato de nós mesmos. Mar Morto, de Jorge Amado começa com um palavrão. Toda linguagem utilizada pelo escritor é muito próxima da fala popular, o que dá mais dinamismo à narração. A grosseria gratuita é o recuso utilizado para mostrar a lupa daquele grupo social.

Todo o ódio extremista da ultra direita para o escritor, mostra uma certa ignorância do fato público, pois quem aprovou a inclusão do livro no catálogo foi do governo Bolsonaro incluída no PNLD (Programa Nacional do Livro e do Material Didático) em 2022. A imprensa dá espaço à tragédia da epidemia de dengue, da qual o Ministério da Saúde está travando uma grande batalha para impedir o avanço em grandes proporções. Postura muito diferente do próprio Bolsonaro quanto à Covid. Não se faz paralelo entre os dois governos, mas tenta desviar a atenção da proximidade de condenação do ex-presidente.

Freire Gomes teria acusado diretamente o ex-presidente na tentativa de golpe de Estado, afinal, ele esteve presente no pedido de adesão ao golpe, da qual não aceitou. A Polícia Federal encontrou a minuta do golpe no gabinete do ex-presidente dentro do PL, no celular, gravações pedindo para consertar um termo. Apesar de ter ajudado a não expulsar a crescente junção de bolsonaristas, traficantes, empresários e criminosos em acampamentos do Exército, agora é peça-chave dentro da trama golpista, pois não se opôs em falar em um grande depoimento de mais de oito horas na PF. Freire Gomes provavelmente tem cartas na manga para apontar o que estaria afirmando, pois como estrategista vendo que o golpe estaria fadado ao fracasso, se preveniu de seu envolvimento não apenas em sua recusa, mas com peças comprobatórias da culpa de Bolsonaro. Seja em áudios em seu celular, seja em documentos. 

Outra sinalização de Bolsonaro para desviar essa atenção seria sua presença na indicação de políticos para candidatura para prefeitos nas principais cidades. Ele tenta se mostrar relevante e forte para mostrar aos Poderes que seria um erro, no ponto de vista dele, caçá-lo e prendê-lo.  

A expectativa é a de que o indiciamento dos culpados ocorra até o meio do ano, com Jair Bolsonaro sendo confirmado como o mandante do golpe.

por André Barroso

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