Falta de exercícios está relacionada a uma série de problemas de saúde; especialistas explicam quais são as consequências do sedentarismo e como ter uma rotina fisicamente ativa
Seis em cada dez adultos brasileiros não praticam atividades físicas no tempo livre nos níveis recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o que traz riscos para quem é sedentário, como o desenvolvimento de doenças, e prejuízos para a saúde pública. Neste Dia Mundial da Atividade Física, celebrado neste sábado (6), confira quais são os malefícios do sedentarismo e os benefícios de uma vida fisicamente ativa.
A OMS recomenda a realização, por semana, de pelo menos 150 minutos de atividade física moderada ou 75 minutos em intensidade vigorosa. O ideal é que isso esteja associado a duas sessões semanais de musculação.
No Brasil, só 40,6% das pessoas com 18 anos ou mais, na média das 27 capitais brasileiras e do Distrito Federal, realizam atividade física nos níveis estipulados pela OMS, segundo dados de 2023 do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), do Ministério da Saúde.
O número é referente a exercícios no tempo livre - excluindo-se o deslocamento para trabalho ou escola e atividades ocupacionais - e está em linha com os achados de outros levantamentos.
Uma pesquisa de 2023 encomendada pelo Serviço Social da Indústria (Sesi), com cidadãos acima de 16 anos, mostrou que 39% das pessoas nunca fazem atividade física e outras 13% as fazem raramente, o que dá 52% do total. O montante de pessoas que praticam exercícios diariamente é só 22% da amostra.
Riscos para a saúde
Trata-se de quadro preocupante, segundo especialistas, pois o sedentarismo está ligado a uma série de complicações, de acordo com o Ministério da Saúde:
- Mortalidade por diversas doenças crônicas não transmissíveis;
- Desenvolvimento de câncer (cólon, mama, próstata e outros);
- Diabetes mellitus tipo 2;
- Dislipidemia (aumento do colesterol total/LDL e diminuição do colesterol HDL);
- Hipertensão;
- Deficiências imunológicas;
- Síndrome metabólica;
- Distúrbios neurológicos (declínio funcional, depressão, demência);
- Osteoporose (quedas, fraturas);
- Excesso de peso e obesidade;
- Estresse oxidativo (desequilíbrio metabólico que gera danos celulares e acarreta no desenvolvimento de diversas doenças);
- Ocorrência de dores;
- Sarcopenia (perda de massa muscular).
— Embora essa seja uma tendência global, o Brasil é um dos países com maior prevalência de inatividade física no mundo — comenta Arão Belitardo de Oliveira, um dos autores de outro estudo, que identificou que 59,5% da população adulta brasileira é fisicamente inativa.
O pesquisador elenca os motivos para tamanho sedentarismo dos brasileiros:
— Fatores socioeconômicos e ocupacionais, já que pessoas de baixa renda e que fazem trabalhos manuais pesados não encontram "energia" após jornada de trabalho; fatores ambientais, sem ambiente propício para atividade física, como parques, áreas de lazer em centros urbanos e ciclovias; e fatores socioculturais, pois mulheres tendem a fazer menos atividade física devido aos afazeres domésticos. Importante destacar a diminuta carga horária destinada à Educação Física nas escolas brasileiras, o que cerceia a cultura esportiva e o hábito da prática de atividade física.
Isso tem repercussão não apenas na saúde individual das pessoas, mas também na saúde pública, como admite o Ministério da Saúde.
— A inatividade física e os baixos níveis de atividade implicam na
elevação dos gastos com saúde em todo o mundo e são diretamente
responsáveis pelo aumento dos gastos com medicamentos, internações
hospitalares e consultas clínicas. Os custos com a parcela da população
fisicamente inativa, acometida por doenças crônicas, estão entre os
principais integrantes dos custos totais em saúde pública — pondera o
ministério, por meio de nota.
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