A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL NA INGLATERRA E AS LUTAS DE CLASSES

      Sindicalismo no mundo: A luta por direitos trabalhistas desde a Revolução  Industrial

A Revolução Industrial na Inglaterra, que teve seu início no final do século XVIII e se estendeu até o século XIX, transformou profundamente a sociedade e a economia britânicas. Este período foi marcado por uma série de inovações tecnológicas e pela mecanização da produção, resultando na transição de uma economia agrária para uma economia industrial e urbana. No entanto, essas mudanças também trouxeram consigo uma série de problemas sociais e trabalhistas.

Uma das características mais notórias da Revolução Industrial foi a exploração intensiva da força de trabalho. Os operários frequentemente enfrentavam jornadas exaustivas de até 16 horas por dia, em condições extremamente adversas. As fábricas eram lugares insalubres e perigosos, com pouca ventilação, iluminação inadequada e máquinas que representavam riscos constantes de acidentes graves. A necessidade de maximizar a produção a qualquer custo levava os proprietários das fábricas a negligenciarem a segurança e o bem-estar dos trabalhadores.

A situação era ainda mais crítica para as crianças, que também eram empregadas nas fábricas. Crianças de até cinco anos eram forçadas a trabalhar longas horas, realizando tarefas que exigiam grande esforço físico e agilidade. Os baixos salários pagos aos trabalhadores adultos forçavam muitas famílias a enviar seus filhos para o trabalho, a fim de complementar a renda familiar. O trabalho infantil era uma prática comum e aceitada na época, apesar das suas consequências devastadoras para a saúde e o desenvolvimento das crianças.

Além das jornadas exaustivas e das péssimas condições de trabalho, os trabalhadores recebiam salários extremamente baixos, insuficientes para garantir uma vida digna. Muitos viviam em favelas superlotadas, sem acesso adequado a saneamento básico, o que contribuía para a disseminação de doenças. A precariedade das condições de vida e de trabalho gerou um crescente descontentamento entre a classe operária.

Este cenário de exploração e miséria fomentou diversas formas de resistência e luta por melhores condições de vida. Um dos movimentos mais significativos foi o cartismo, que surgiu na década de 1830. Os cartistas, em sua maioria operários, demandavam reformas políticas que incluíam o sufrágio universal masculino, a votação secreta e o pagamento de salários aos membros do Parlamento, de modo a permitir a participação de representantes das classes trabalhadoras no governo. Embora o movimento cartista não tenha alcançado todos os seus objetivos imediatos, ele representou um passo importante na organização política da classe operária e na luta por direitos democráticos.

As lutas de classe intensificaram-se ao longo do século XIX, com os trabalhadores se organizando em sindicatos e participando de greves e protestos. Essas ações visavam pressionar os empregadores e o governo a melhorarem as condições de trabalho e a aumentarem os salários. A resistência operária, aliada ao crescente debate público sobre as condições de vida dos trabalhadores, levou a uma série de reformas legislativas que gradualmente melhoraram a situação laboral na Inglaterra.

A Revolução Industrial, portanto, foi um período de profundas transformações econômicas e sociais. Embora tenha impulsionado o progresso tecnológico e econômico, também expôs milhões de trabalhadores a condições de vida e de trabalho desumanas. A resposta da classe operária, através de movimentos como o cartismo e a organização sindical, foi fundamental para a conquista de direitos e para a melhoria das condições laborais, pavimentando o caminho para as futuras lutas por justiça social e trabalhista.

por Iram de Oliveira

Postar um comentário

0 Comentários