O massacre de Tulsa, também conhecido como o massacre de Greenwood, é um dos episódios mais traumáticos e vergonhosos da história dos Estados Unidos, que muitos tentam esquecer ou minimizar. Esse evento ocorreu entre os dias 31 de maio e 1º de junho de 1921, na próspera comunidade negra de Greenwood, em Tulsa, Oklahoma. Greenwood era conhecida como "Black Wall Street" devido ao seu florescente distrito comercial, onde muitos afro-americanos prosperavam em uma sociedade ainda marcada pela segregação racial imposta pelas leis Jim Crow.
O estopim para a violência foi um incidente envolvendo um jovem negro chamado Dick Rowland e uma jovem branca chamada Sarah Page. Em 30 de maio de 1921, Rowland entrou em um elevador no edifício Drexel, onde Page trabalhava como operadora. A natureza exata do que ocorreu no elevador nunca foi esclarecida, mas Page gritou, e Rowland correu para fora do prédio. Mais tarde, ele foi acusado de ter atacado a jovem branca, uma acusação gravíssima na atmosfera racialmente carregada da época.
Os jornais sensacionalistas da época não perderam tempo em inflamar a situação. Com manchetes exageradas e relatos distorcidos, eles alimentaram o pânico e a ira entre a população branca de Tulsa. Um artigo em particular do Tulsa Tribune, que já não existe, sugeriu que Rowland havia tentado estuprar Page, uma acusação completamente infundada que serviu apenas para aumentar as tensões.
A notícia rapidamente se espalhou, e na noite de 31 de maio, uma multidão de homens brancos armados se reuniu em frente ao tribunal onde Rowland estava preso, exigindo sua entrega. Em resposta, um grupo de homens negros, alguns deles veteranos da Primeira Guerra Mundial, foi ao tribunal para proteger Rowland e garantir que ele tivesse um julgamento justo. A tensão entre os dois grupos explodiu em violência quando um tiro foi disparado, embora não esteja claro de qual lado veio o primeiro disparo.
O que se seguiu foi uma verdadeira carnificina. Durante as próximas 24 horas, a multidão branca, agora consideravelmente maior e mais enfurecida, invadiu Greenwood. Casas, lojas, e outros estabelecimentos foram saqueados e incendiados. Testemunhas relataram que até aviões foram usados para lançar bombas incendiárias sobre a comunidade negra. Os negros foram mortos nas ruas, suas propriedades destruídas, e centenas foram presos.
Os linchamentos e a destruição em Greenwood não foram um evento isolado; na época, linchamentos contra negros eram comuns nos Estados Unidos, especialmente no Sul. As leis de segregação racial, conhecidas como Leis Jim Crow, institucionalizavam a discriminação e a desigualdade, mantendo os afro-americanos em uma posição social inferior. Este contexto de racismo institucional e violência generalizada contra os negros criou um ambiente onde tragédias como o massacre de Tulsa poderiam ocorrer e, em muitos casos, eram até mesmo incentivadas por figuras de autoridade e meios de comunicação sensacionalistas.
O massacre de Tulsa resultou na morte de até 300 pessoas, a maioria delas negras, e deixou mais de 10.000 pessoas desabrigadas. Apesar da gravidade e da violência extrema, o massacre foi amplamente omitido dos livros de história e ignorado por décadas. Foi apenas recentemente, no século XXI, que o evento começou a receber a atenção devida, com esforços para reconhecer e reparar as injustiças sofridas pela comunidade de Greenwood.
Este episódio sombrio serve como um lembrete da capacidade de ódio e destruição que o racismo pode gerar, e da importância de enfrentar e lembrar o passado para construir um futuro mais justo e igualitário.
por Iram de Oliveira
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