Trinta anos depois, Carlos Alberto Parreira lembra como se fosse ontem dos obstáculos que precisou superar com a seleção brasileira para chegar ao tetracampeonato mundial, na Copa de 1994. Em uma rara entrevista, o ex-treinador, que trata um câncer no sistema linfático, afirmou que a trajetória do Brasil nas Eliminatórias de 93 foi mais difícil do que a própria campanha no Mundial disputado nos Estados Unidos.
“De tudo, a coisa mais tranquila foi a Copa porque o time ganhou
uma autoridade tão grande que a gente não passou nenhum jogo sofrido,
nem a final. A gente sempre teve um domínio e um controle dos jogos. O
grupo era muito bom, muito consciente. A lembrança maior é o conjunto”,
diz Parreira, em entrevista à ESPN para a série “O Tetra pelo Tetra”.
Parreira recordou as cobranças sofridas pelo grupo e disse que
até hoje considera excessiva a pressão imposta ao time nacional. “Era
pressão demais nas Eliminatórias”, afirmou. “Tem um jogo que não vou
esquecer jamais, foi contra o Equador, em São Paulo. Não era o jogo em
si, mas o ambiente, a imprensa, todos os jornais, rádios e televisões.
Era uma pressão que eu dizia: ‘Onde nós estamos? Por que isso, naquele
tamanho e naquela proporção?’ Entramos em campo e jogamos com a cabeça
no lugar… Foi um jogo difícil, o torcedor estava dividido”, recordou, ao
citar aquela vitória por 2 a 0.
“Eu tentava entender (os motivos da pressão) e não conseguia. E
não consigo até hoje. Aquele foi o melhor teste para a seleção,
emocionalmente falando. Acho que o jogo no Morumbi a tensão foi muito
maior do que no último jogo das Eliminatórias, contra o Uruguai, no
Maracanã porque o Maracanã é a nossa casa.”
Para Parreira, a união do grupo evitou oscilações emocionais no
elenco da seleção. “Nós, comissão técnica e jogadores, tivemos que ter
força para enfrentar aquilo tudo porque chegou um momento que a gente
não entendia. Criticar é uma coisa, destruir é outra, pô. Os caras não
queriam criticar, queriam destruir. Se não estivéssemos unidos, não
teríamos superado.”
Depois daquela partida, a seleção enfrentaria o Uruguai em jogo
decisivo para selar a vaga na Copa. E, para tanto, teria um reforço de
peso. Romário, que vinha sendo preterido nas Eliminatórias, apesar de
viver sua melhor fase da carreira, voltou a ser convocado por Parreira.
Ele explica que decidiu sozinho pelo retorno do atacante,
contando com o apoio irrestrito de Zagallo, então coordenador técnico da
seleção.
O técnico do tetra negou também que tivesse planejado colocar
Romário no mesmo quarto que Dunga durante a Copa. “Isso não foi pensado,
mas foi uma coincidência, uma coincidência boa, bem positiva”, afirmou,
entre risos.
MUDANÇAS
Parreira também lembrou das decisões difíceis que precisou tomar
sobre a escalação do time ao longo da Copa. A maior mudança foi a troca
de Raí, capitão do time e consagrado pelos títulos com o São Paulo, por
Mazinho, no meio-campo.
Ao lembrar do episódio, ele culpou a transferência de Raí, do São
Paulo para o Paris Saint-Germain, pela queda de rendimento do meia
durante a Copa.
Parreira também defendeu o estilo de jogo daquela seleção,
criticada até hoje pelo futebol considerado burocrático e defensivo. “A
seleção nunca foi defensiva, era organizada”, rebateu o agora
ex-treinador.
Curiosidades da Copa 1994
1- Primeiro Título com Pênaltis: Foi a primeira
vez que o Brasil conquistou a Copa do Mundo decidindo por pênaltis,
derrotando a Itália na final após um empate por 0-0 no tempo
regulamentar e na prorrogação.
2- Romário, Artilheiro e Estrela: Romário foi o artilheiro da
Seleção Brasileira no torneio, com 5 gols, incluindo gols importantes
nas fases eliminatórias.
3- Defesa Sólida: A equipe brasileira teve uma defesa sólida, sofrendo apenas 3 gols em toda a competição.
4-Clima e Adaptação: O clima quente e seco dos Estados Unidos
durante o torneio foi um desafio para muitas equipes, mas o Brasil
conseguiu se adaptar bem.
5-Ausência de Baggio: Roberto Baggio, estrela italiana, perdeu o pênalti decisivo na final, permitindo a vitória brasileira.
6-Parreira e Zagallo: A equipe foi liderada por Carlos Alberto
Parreira como técnico e Mário Jorge Lobo Zagallo como coordenador
técnico, formando uma parceria de sucesso.
7-Goleiro Taffarel: Cláudio Taffarel se destacou como goleiro da
Seleção, realizando defesas cruciais durante toda a Copa do Mundo.
8-Estádio Rose Bowl: A final foi realizada no lendário estádio
Rose Bowl, em Pasadena, Califórnia, com um público de mais de 94 mil
espectadores.
9-Capitão Dunga: Dunga foi o capitão da equipe brasileira na Copa
de 1994, liderando o time com seu estilo determinado e organização
tática.
10-Cafu e Suas Finais de Copa: Cafu se tornou o primeiro jogador
da história a disputar três finais consecutivas de Copa do Mundo: em
1994, 1998 e 2002.
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